Coronavírus: especialista explica a eficácia dos testes rápidos e quando eles devem ser usados

Desde o dia 28 de abril a ANVISA autorizou, em caráter temporário e excepcional, a realização de testes rápidos para Covid-19. Os testes pesquisam a presença de anticorpos produzidos pelo indivíduo, como resposta imunológica à infecção pelo novo coronavírus.

No mesmo dia, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) liberou 4,5 mil testes rápidos para o Norte de Minas. Os 86 municípios da região poderão testar idosos, profissionais da saúde e segurança pública e pessoas que tiverem contato com eles, caso apresentem sintomas da doença.

Diante da quantidade distribuída para as unidades de saúde da região e a facilidade de se encontrar os exames nas farmácias não é possível dizer que o teste rápido é a solução para controle do coronavírus. De acordo com a farmacêutica Clínica da Santa Casa de Montes Claros, Renata Lydiane Soares Silva, os testes não podem ser vistos com fins de diagnóstico confirmatório.

“Os testes apontam se a pessoa teve ou não contato com o vírus (Sars-CoV-2), através da identificação de anticorpos IgM ou IgG, que são produzidos pelo sistema imunológico a partir da ocorrência da infecção. Porém, é preciso aguardar alguns dias, a partir do início dos sintomas, para que a quantidade de anticorpos seja detectável nos testes. A maioria dos produtos registrados na ANVISA para esse fim, apresentaram resultados mais robustos a partir do décimo dia de sintomas”, diz. Para serem comercializados, os testes tem que passar pela aprovação de registro pela ANVISA.

Teste rápido ou exame laboratorial: qual o mais eficaz?

Para a farmacêutica clínica da Santa Casa, Renata Lydiane Soares Silva, depende da situação para apontar se um teste rápido ou um exame laboratorial vai apresentar maior eficácia.

“Os exames que utilizam a metodologia molecular, de reação em cadeia da polimerase, que permitem identificar à presença do vírus, através de seu material genético, na amostra biológica do indivíduo. A metodologia sorológica, aplicada para os testes rápidos, permitem buscar anticorpos IgM ou IgG, no material biológico do indivíduo. Que são a resposta imunológica do indivíduo na presença do vírus, após o período da janela imunológica (entre 7 a 10 dias)”.

Para a farmacêutica, os exames de metodologia molecular, aplicada aos exames realizados em laboratórios, podem não ser úteis quando o indivíduo já está recuperado, podendo haver um resultado negativo, num individuo que teve Covid-19.

“Já a detecção dos anticorpos é útil para identificar se o indivíduo já foi exposto ao vírus, e está em processo de resposta à infecção, quando apresenta IgM positivo. Ou que já se recuperou da infecção e apresenta ‘histórico’ da resposta imunológica, apresentando IgG positivo”.

A especialista alerta que cabe ao farmacêutico responsável técnico da farmácia, aplicar todas as medidas de segurança estabelecidas pelas diretrizes e protocolos da ANVISA e do Ministério da Saúde para realização dos testes.

“Entrevistar o requisitante do teste conforme instruções de uso e sua respectiva janela imunológica para avaliar a viabilidade de aplicação do teste disponível no estabelecimento. O serviço ofertado deve ser registrado em declaração de serviço farmacêutico e os resultados, sejam positivos ou negativos, devem ser encaminhados para as autoridades de saúde competentes”, finalizou.