A falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais da saúde tem acendido o alerta das secretarias dos municípios mineiros, já que esses profissionais têm trabalhado na linha de frente no atendimento de casos do coronavírus. Em Brasília de Minas, na região Norte do Estado, por exemplo, o estoque é baixo.
A principal queixa é pela falta tanto da máscara cirúrgica quanto as de grande proteção como a N95/PFF2. “O estoque está crítico em especial de máscara. Até o final da semana, não teremos mais. Estamos buscando em outros estados e os preços estão exorbitantes. Em Minas, não acha”, revela a Diretora de Atenção Primária em Saúde da cidade, Elizana Ribeiro Paiva.
Segundo Elizana, não há prazo para a entrega dos novos produtos e que é preciso requerer em outros estados. Ela conta que a informação é de que o Ministério da Saúde (MS) comprou a fabricação dos equipamentos e realizaria a entrega para as cidades. Procurando a solução, a diretora destaca que alguns fornecedores estariam oferecendo caixa de máscara cirúrgica 15 vezes mais cara, o que custaria cerca de R$ 15, esta sendo vendida por R$ 250.
“O problema é que agora não conseguimos comprar e os preços estão superfaturados. Os EPIs não chegam, já que estão enviando para áreas de maior endemia. A Regional de Saúde nos informou que esta semana estaria encaminhando para os hospitais de referência, como o de Brasília de Minas e outros. Porém, hospitais que não são referência e as unidades básicas de saúde, que nos fluxo atendem 80% dos casos de Covid-19, não seria enviado até então, e esses municípios não conseguem adquirir”.
O que diz a Superintendência Regional de Saúde
Em nota, a Superintendência Regional de Saúde informou que, por meio da Deliberação 3.138 da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde repassará R$ 4.844.169,61 para os 86 municípios da região do Norte de Minas. O valor será destinado ao custeio das ações relacionadas ao enfrentamento da Covid-19, dando preferência à aquisição de insumos e equipamentos de proteção individual para profissionais.
Ainda no texto o órgão destaca que, “os recursos serão destinados à ampliação de leitos clínicos ou de internação em hospitais de campanha, em função da necessidade de isolamento de pacientes e do aumento crescente da demanda de internações por síndrome respiratória aguda grave”, diz a nota.
Frente à carência dos materiais, o MS divulgou, nessa segunda-feira (30), que está adquirindo 200 milhões de máscaras cirúrgicas, 40 milhões de máscaras N95, 1 milhão de frascos de álcool 500 ml, 1 milhão de frascos de álcool 100 ml, 240 milhões de luvas para procedimentos não cirúrgicos, 40 milhões de aventais, 80 milhões de aventais impermeáveis, 1 milhão de sapatilhas, 1 milhão de óculos de proteção, 120 milhões de toucas, 200 mil unidades de protetores faciais.
Sindicato busca providências
O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (SInd-Saúde/MG) publicou, no dia 19 de março, uma nota reforçando a importância da denúncia em casos de faltas e EPIs. “O Sindicato orienta aos servidores que em caso de descumprimento das recomendações e protocolos acerca do assunto, procure a entidade sindical para que as devidas ações sejam tomadas e a saúde do trabalhador também seja preservada’, diz.
Além disso, o Sind-Saúde destacou que enviou a diversas prefeituras solicitando medidas para visem à prevenção e proteção da população e das trabalhadoras e trabalhadores do SUS.
Proteção é obrigatória e necessária
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as medidas de prevenção e controle de infecção devem ser implementadas pelos profissionais que atuam nos serviços de saúde para evitar ou reduzir ao máximo a transmissão de microrganismos durante qualquer assistência à saúde realizada.
Conforme a nota técnica divulgada pela agência, o vírus realiza a transmissão de pessoa a pessoa e ocorre por meio de gotículas respiratórias (expelidas durante a fala, tosse ou espirro) e também pelo contato direto com pessoas infectadas ou indireto por meio das mãos, objetos ou superfícies contaminadas.
Desta forma, as medidas de prevenção e controle devem ser implementadas antes da chegada do paciente ao serviço de saúde, na chegada, triagem, espera, atendimento e durante toda a assistência prestada. Por isso, ela orienta que os profissionais de saúde devem usar máscaras N95, FFP2, ou equivalente, luvas entre outros EPIs. Para saber outras recomendações, acesse a nota técnica da Anvisa .
*Escrita pelo repórter Gian Marlon