Na linha de frente do coronavírus enfermeiros arriscam suas vidas e de seus familiares

Crédito Foto: Paulo Francis

A frente de todo atendimento hospitalar está o enfermeiro ou a enfermeira na sala de triagem. O primeiro contato do paciente é feito pela recepção da unidade e pela equipe de enfermagem na triagem; a assistência é feita pelo (a) enfermeiro (a) ou pelos técnicos ou auxiliares de enfermagem que realizam uma carga horária exaustiva de 40 horas semanais, em desacordo com a expectativa do conselho federal de enfermagem (Cofen) que reivindica 30 horas semanais. Este pessoal deve estar atento a sua própria saúde como também do paciente, entretanto, por traz de um profissional existe também sua família: pais (idosos), maridos, esposas, filhos, irmãos e até vizinhos.

Em todo noticiário televisivo é possível identificar profissionais da saúde paramentados adequadamente para atender aos casos suspeitos, com máscaras, capotes (uma espécie de avental), gorros (touca), luvas, e até protetor ocular, imagens de primeiro mundo, conforme determina normas do Ministério da Saúde. Entretanto, nas cidades do interior do país, do Norte de Minas mais especificamente, é possível constatar que esses recursos não estão disponíveis para estes profissionais. Muitas vezes tem a sua disposição apenas uma máscara descartável, e em grande parte é disponibilizada, apenas, uma para um plantão inteiro, um risco para sua própria saúde como também a de seus familiares. Totalmente contra as normas vigentes para prevenção ao contágio pelo coronavírus (Covid-19).

Frase icônica da enfermeira Diane Xaveir, da Santa Casa de Campo Grande, o Prontomed, “Se agente pudesse ficaria em casa também”, desabafou a profissional. O Prontomed vem adotando medidas do combate ao coronavírus desde janeiro deste ano como a implantação de um comitê interno de enfrentamento ao Covid-19, capacitações, disponibilização, para todos os profissionais da assistência, de todos os equipamentos de proteção individual (EPI), citados anteriormente. E mesmo assim corre o risco de faltar EPIs, caso os governos não intensifiquem ajuda aos hospitais.

O que move a luta que esses profissionais enfrentam é o amor pela profissão, pelo próximo. Como muitos costumam dizer: “esta profissão é um sacerdócio – lutamos para salvar a vida dos outros e muitas vezes nem pensamos em nós mesmos ou nos nossos”, grifo nosso.

A enfermagem, já castigada com uma jornada exaustiva de 40 horas semanais, enfrenta quase que diariamente, essa luta no combate do coronavírus, sem se esquecer dos demais casos que não param de chegar aos hospitais: pacientes com tuberculose, infectados com bactérias resistentes, feridas infectadas, acamados; doenças das mais variadas espécies. E quando se fala em estabelecer 30 horas para enfermagem surgem sempre opiniões maldosas, depreciativas e contrárias, mas ninguém se propõe a estarem nesta frente de batalha como eles o faz; dia e noite; com amor e dedicação.

É preciso que o Ministério e as Secretarias de Estado da Saúde ajam mais e falem menos, é preciso reconhecer a importância e o esforço desses “anjos”. Estabelecer uma carga horária de 30 horas, ofertar EPIs adequados é o mínimo que se pode esperar das autoridades, pois muitos estão adoecendo ou até mesmo morrendo mundo a afora por trabalharem tanto. Neste ou em diversos outros momentos da vida da população, a enfermagem e toda equipe hospitalar (médicos, recepção, porteiros, administrativo, limpeza) tem sido a salvaguarda do povo brasileiro.

Escrita pelo repórter Ricardo Soares