Sete pacientes são beneficiados com a doação de múltiplos órgãos captados pela Santa Casa em Montes Claros

Foto: Divulgação/Santa Casa

A Santa Casa de Montes Claros realizou no início do mês de março mais uma captação de múltiplos órgãos, quando foram doados coração, córneas, fígado, pâncreas e rins. Desde 1993, a Santa Casa já realizou mais de 1300 transplantes de rins, fígado, córneas e tecido musculoesquelético. Até agora, já foram realizados captação de seis corações e sete pâncreas. Ao todo, sete pacientes foram beneficiados pela instituição.

A última foi realizada na quarta-feira (4 de março) em que alguns órgãos foram captados e enviados para cidades dos estados de Minas Gerais e São Paulo. O chefe do serviço de transplantes de fígado e cirurgião, Luiz Fernando Veloso, explica que a substituição só é realizada quando o órgão deixa de funcionar de modo intensivo, isto é, com poucas chances e de modo definitivo.

Foto: Gian Marlon

“O transplante pode ser feito a partir de um outro órgão disponível para substituir aquele doente. Temos entre os principais tipos de doadores os de morte encefálica, que são pessoas que têm o cérebro morto. Isso define morte para a religião e a ciência. Quando a gente cumpre um protocolo definido pelo Conselho Federal de Medicina, ele demonstra que o cérebro parou de funcionar e não vai mais voltar”.

Ressalta que esta ação tem contribuído para dar esperança a muitos receptores. “A pessoa que está com o cérebro morto ainda tem o coração batendo por mais algumas horas. Nesta situação, quando a família está disposta a doar, ela doa os órgãos. Este é o principal tipo de doador que salva mais vidas porque poderá doar não só um rim, mas dois”, prosseguiu.

A taxa de recusa das famílias por doação está na ordem dos 20% a 30%, segundo o doutor Luiz Fernando. “Nestes casos todas as pessoas que têm órgãos viáveis podem doar. O que é necessário para pessoa que está em morte encefálica é a família querer doar. A principal contraindicação é a recusa da família. Depois disso definido, é que a pessoa tenha órgãos funcionando corretamente para que sejam transplantados”, diz.

Esperança

O paciente Bruno Pereira de Almeida, de 25 anos, é de Chapada Gaúcha e recebeu o fígado doado na última captação – quarta-feira. Há alguns anos, ele sofria de cirrose hepática. Bruno conta que já estava na fila à espera e, por duas vezes, havia sido chamado, mas sem sequência no transplante. Agora, a expectativa é de ter boa recuperação.

Foto: Gian Marlon

“Foi importante porque tem três anos que eu adoeci e há um ano e nove meses estou na fila. Aí, eles me ligaram, na quarta-feira de madrugada, que surgiu o órgão pra gente fazer os exames certinhos. Vim de lá, na correria com a estrada de chão ruim, mas deu tempo de chegar aqui. A gente fica meio triste pela demora, mas é pegar com Deus que tudo dá certo”, diz.

Ele ficou três dias no CTI, saiu no domingo (8) e deve receber alta ainda esta semana. De acordo com Luiz Fernando, a cirurgia do Bruno durou cerca de cinco horas e não houve riscos durante o procedimento. Nos próximos três meses, ele será submetido a um acompanhamento semanal para controle.

 

Capacitação

O hospital possui uma equipe multidisciplinar capacitada para a retirada e transplante. Recentemente, no hospital, houve o credenciamento do transplante medula óssea e de tecidos. Até o momento, são realizados de córnea – mais simples e menos complexo no ponto de vista de cuidado -, de rim e fígado.

O HCor (Hospital do Coração), de São Paulo, é quem conduz a captação do coração. Já a retirada das córneas é feita por equipe do MG Transplantes.

“Nós temos pessoas da nossa equipe se preparando para que a gente possa ter o transplante de pâncreas.  Brevemente, a gente espera concluir mais essa alternativa. Existem esforços para ter o transplante de coração também”, disse o chefe serviço.

**Escrita pelo repórter Gian Marlon