Pesquisa inédita do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) e Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), mostrou que dos 6.832 médicos, profissionais de enfermagem e farmacêuticos que participaram da sondagem, 71,6% já sofreram algum tipo de violência no exercício da profissão, com destaque para profissionais de até 40 anos e mulheres.
Sete em cada dez médicos e seis em cada dez profissionais de enfermagem disseram ter sofrido a violência em instituição pública, enquanto que, para os farmacêuticos, 70% dos casos de violência ocorreram no setor privado. O principal tipo das agressões sofridas pelos profissionais é verbal – 90% para profissionais de enfermagem, 47% para médicos e 89% para farmacêuticos. A violência física é o segundo tipo com maior incidência, atingindo 21% dos profissionais de enfermagem, 18% dos médicos e 7% dos farmacêuticos.
A violência acontece, em maior incidência, por parte dos próprios pacientes, seguido por familiares e acompanhantes em segundo e terceiro lugares dos que mais agridem os profissionais. As filas e a demora no atendimento são as principais motivações da agressão contra os profissionais, resultando em 66% dos casos de violência contra profissionais de enfermagem, assim como 56% e 53% quando envolvem farmacêuticos e médicos, respectivamente.
Apesar do alto índice de agressões sofridas pelos profissionais de Saúde, a denúncia ainda é pouco registrada. Em média, 80% dos profissionais de enfermagem, médicos e farmacêuticos que passaram por uma situação de violência não efetivaram uma denúncia, principalmente, pela sensação de impunidade, pela falta de apoio da instituição, porque não sabia onde ou como fazer a denúncia e receio de perder o emprego.
Dos quase 20% que denunciaram, grande parte afirmou não ter recebido acolhimento ao efetivar a reclamação. Apenas 15% dos profissionais de enfermagem e 11% de farmacêuticos se sentiram atendidos ao denunciar, diferentemente da categoria médica, que teve 59% das queixas acolhidas pela polícia, justiça ou pela instituição onde trabalha.
“Os dados obtidos com o levantamento revelam uma situação bastante crítica no cotidiano dos profissionais da saúde”, comenta o presidente do Cremesp, Lavínio Nilton Camarim. “Precisamos reverter este quadro, nos aproximando, cada vez mais, desses profissionais e de seus locais de trabalho, dando todo o apoio para que se sintam acolhidos e com segurança para denunciar as agressões sofridas”, completa Camarim.
Os resultados contribuem a demandar ações das autoridades para combater o cenário, além de auxiliar as instituições de saúde na formulação de estratégias de prevenção, acolhimento e enfrentamento à violência.
Quem cuida merece respeito. Com esse mote, o Cremesp, Coren-SP e CRF-SP estão promovendo uma campanha publicitária de combate à violência contra profissionais da saúde. A intenção é sensibilizar a população de que agredir os profissionais só piora a situação, prejudicando o atendimento.