Em 2017, eles chegaram ao Atlético com moral. A diretoria da época apostou na experiência de jogadores com passagens consistentes pela Europa. A ideia era fortalecer o time – especialmente para a disputa da Copa Libertadores, que ‘exige’ atletas com maior ‘lastro’. Menos de um ano depois, a situação mudou completamente.
Trata-se do zagueiro Felipe Santana e dos volantes Roger Bernardo e Adilson. Todos já passaram dos 30 anos e foram aproveitados na última temporada. Em 2018, entretanto, os três jogadores ainda não tiveram destaque no time comandado pelo técnico Oswaldo de Oliveira.
Adilson
É dele a situação mais questionada pelos torcedores. Revelado pelo Grêmio, o volante de 31 anos defendeu o Terek Grozny, da Rússia, por cinco temporadas. Deixou a Europa para assinar contrato com o Atlético no início de março de 2017.
Adilson foi titular da equipe alvinegra em boa parte da reta final da última temporada, mas perdeu espaço para Yago. Apesar disso, a expectativa era que o experiente volante tivesse a oportunidade de ter uma pré-temporada completa com os demais jogadores do elenco. Ele, entretanto, foi relegado à disputa da Florida Cup, nos Estados Unidos, com um grupo formado principalmente por jovens do extinto time sub-23.
“É um jogador que me agrada. Eu gosto bastante da forma dele jogar. Acho que o caso dele não é a pré-temporada, é a adaptação. O tipo de competição que ele jogava há tantos anos e o que ele está submetido agora. Isso foi agravado com um problema particular que ele teve. É um jogador que nós vamos seguir observando”, garantiu Oswaldo de Oliveira em entrevista coletiva no dia 16 de janeiro.
Adilson, entretanto, negou que os problemas pessoais citados pelo treinador persistem. Também em entrevista coletiva, o volante assumiu a responsabilidade pelas atuações irregulares nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro de 2017 e disse que lutará para recuperar o espaço que perdeu.
“Houve um pouco de confusão a partir dessa informação. Na última semana do ano passado, contra o Grêmio, minha esposa fez uma cirurgia, teve uma complicação, e tive que acompanhá-la em hospitais. Mas foi apenas na última semana. Foi uma pequena confusão. Cheguei no jogo contra o Grêmio cansado, perdi peso, foi uma semana muito difícil. Queria jogar aquele jogo, poderia falar que não estava 100%. Nunca fez parte do meu caráter não jogar, me coloquei à disposição. São coisas que acontecem. Tive uma carga muito grande de jogos. A partir do jogo contra o Botafogo, que sofri uma pancada no joelho, não conseguia me preparar bem durante a semana, ficava no DM e logo depois iria para o jogo. Consigo avaliar melhor que outras pessoas. O Oswaldo tem tanta gente para cuidar, a responsabilidade tem que ser minha. Corri o risco de perder espaço, porque me ofereci para jogar. Corro atrás novamente. Quero estar bem para o momento em que for solicitado”, disse, no último dia 23.
De volta a Belo Horizonte, foi relacionado para três dos quatro primeiros jogos oficiais do Atlético no ano, mas ainda não estreou. Ficou de fora apenas do duelo contra o Democrata-GV, pela segunda rodada do Campeonato Mineiro. Em um dos treinos dessa quarta-feira, o volante ganhou vaga no time reserva do Galo.
Em 2017, Adilson disputou 37 partidas com a camisa do Atlético – 30 delas como titular. Nesse período, recebeu 12 cartões amarelos, um vermelho e não marcou gols.
Felipe Santana
O zagueiro de 31 anos saiu do Brasil cedo. Após ser revelado pelo Figueirense, Felipe Santana assinou contrato com o Borussia Dortmund em 2008. Destacou-se pelo clube auri-negro e se tornou uma das peças importantes do elenco comandado por Jürgen Klopp, atual treinador do Liverpool.
Após ser vice da Liga dos Campeões, o zagueiro foi comprado pelo Schalke 04 – um dos principais rivais do Borussia na Alemanha. Nos anos seguintes, defendeu ainda o Olympiakos, da Grécia, e o Kuban Krasnodar, da Rússia.
Felipe Santana foi anunciado como novo reforço do Atlético ainda no final de 2016. Foi titular já na estreia do time no ano seguinte, contra o América-TO. Uma falha num clássico contra o Cruzeiro, entretanto, fez com que perdesse moral entre os torcedores.
Perdeu também espaço com os treinadores que dirigiram o Atlético em 2017. Apesar disso, os comandantes recorriam com frequência a Felipe Santana em momentos de necessidade. Atuou 27 vezes (25 como titular), recebeu um cartão amarelo, nenhum vermelho e marcou um gol na última temporada. A última aparição do zagueiro foi em 18 de outubro, contra a Chapecoense.
Inicialmente, era o primeiro reserva de Leonardo Silva e Gabriel, a dupla titular com Oswaldo de Oliveira. Entretanto, perdeu espaço para os jovens Bremer e Matheus Mancini ainda em 2017.
Em 2018, não entrou em campo. A dupla de zaga reserva, que atuou em duas das quatro partidas do time no Mineiro, é formada justamente por Bremer e Mancini. Além disso, o Atlético ainda contratou Iago Maidana, por empréstimo, e promoveu Nathan, ex-capitão do sub-20. Em um dos treinos dessa quarta-feira, o volante ganhou vaga no time reserva do Galo.
Roger Bernardo
Outro que teve passagem longa pelo futebol europeu e ainda não ‘vingou’ no Atlético. O polivalente jogador de 32 anos atua tanto como volante, quanto como zagueiro – posição em que jogou nos últimos jogos pelo Ingolstadt, da Alemanha.
Permaneceu no clube da Baviera entre 2012 e 2017. Antes, defendeu ainda o Energie Cottbus, também da Alemanha, entre 2010 e 2012. No Brasil, passou por União São João-SP, Santo André, Palmeiras, Ponte Preta, Juventude, Guarani e Figueirense.
Acertou com o Atlético em janeiro de 2017. Apesar disso, cumpriu todo o contrato com o Ingolstadt e só estreou com a camisa alvinegra no meio do ano. De 21 de junho – data da primeira partida pelo Galo – para cá, foram apenas 12 partidas disputadas (nove delas como titular).
Nesse período, recebeu três cartões amarelos, nenhum vermelho e não marcou gols. Ainda não foi utilizado pelo técnico Oswaldo de Oliveira em 2018. Por vezes, treina no chamado ‘terceiro grupo’ na Cidade do Galo. A falta de oportunidades incomoda Roger Bernardo. O jogador prega paciência para ganhar espaço. Ele, entretanto, não nega a possibilidade de até voltar para a Alemanha.
“Espero que sim (chegue a hora de jogar). Quero muito continuar no Atlético, mas se a hora não chegar aqui, pode ser em outro lugar. Futebol muda muito. Quero jogar, quero jogar no Atlético, quero mostrar porque eu vim. Tenho mais dois anos e meio de Atlético. Mas se não for da vontade de outras pessoas, posso sair, ir para outro lugar, até mesmo voltar para a Alemanha”, disse.