Coluna Sal da Terra: protagonista da minha própria história

Logo descobri o que me move: meu propósito de vida e minha missão através da escrita.

Queria fazer algo que nascesse num contexto geograficamente localizado: o cerrado, mas que não era só regional, era também universal.

E há maneira de mostrar como a escrita é encantada.

Isso foi um processo de descoberta.

No meu caso, eu sempre estive construindo coisas para conectar com meus ancestrais. Com a voz da minha mãe e as histórias do meu pai, de meus familiares e do povo simples do Cerrado através da oralidade.

Aí veio a escrita que possibilita as versões da minha história.

Meus ancestrais me encorajou a ser o protagonista da minha própria história.

Acho que me beneficiei muito disso, é uma grande vantagem viver num território que não só conta histórias, como se inventa dentro dessas histórias.

E isso não foi um projeto, não é que me sentei e pensei “quero trazer assim”. Surgiu.

A história deles me ajudou a definir meus objetivos, perseguindo-os com determinação e enfrentando os desafios que surgem ao longo do caminho.

Tio Arlindo Santiago

Eles me lembravam sempre de que você é o autor e o responsável por sua vida.

Sempre me orientou a identificar meus talentos, fui seguindo meus instintos, e sem comparar a ninguém, o meu desenvolvimento pessoal foi mais rápido.

Ao longo da vida fui priorizando a inovação e a busca por novas fronteiras.

Além dos meus ancestrais, cerquei de jovens, como meu filho Vitor Santiago que estão conectados com as tendências e novas ideias.

Trabalhei com homens e mulheres brilhantes que são mais jovens e têm visão.
Eles podem nos aconselhar.

Eu seria uma pessoa triste se não fosse capaz de produzir minha história de vida, de fazer da minha própria vida uma narrativa que dela posso falar.

O que não pode faltar mesmo é ter um pensamento, uma ideologia própria.

Acredito que o principal é sentir que existe uma visão clara sobre futuro, uma busca verdadeira, mais profunda, na procura daquilo que pode ser um caminho próprio, uma aposta.

A gente tem que ter uma crença, uma causa e um objetivo.

Nós somos diversos, e nessa diversidade sou poeta, e quando Délio Pinheiro e a WebTerra, a E..E Levindo Lambert reconheceram essas qualidade de poeta.

Délio perguntou-me: você é aquele homem que publica livros de poemas? Então nós precisamos da poesia.

Foi a primeira vez que tive o reconhecimento de que a poesia podia mudar o mundo.

Vi na escrita uma forma de reconhecer minha própria existência e ser ouvido, já que era um poeta que veio do Cerrado.

Para mim, é preciso também manter um olhar de encantamento e infância, de quem vê o mundo como algo que ainda não conhece e não tem medo disso.

As raízes de minha alma devolvem-me agora todo o meu ser.