Sal da Terra: Ancestralidade

Foto: Arquivo Pessoal.
Foto: Arquivo Pessoal.

Manhã de outono me levanto e vou as lembranças.

Pretendo apenas visitar o passado.

Dirijo-me aos lugares onde, em menino, eu conversava com os mestres e mestras da minha família.

Aqui estão minha Vó Dinha de origem africana e Vó Odilia Pena de origem indígena.

Esquecidas de morrer nas minhas lembrancas. À elas devo a habilidade de contar histórias.

Foram delas que ouvir falar da ancestralidade.

Ali, face ao nada, esperando apenas o tempo, as duas avós teciam a vida com o fio das histórias, esperança e dos sonhos.

Estas fotos me atiram para lembranças antigas.

Sou um mestiço, nasci do cruzamento de varias raças: negro, índio e europeu.

Sou um ser de encruzilhadas, sou dos vales e do sertão, uma região que está em busca do seu próprio retrato.

Eu sou de Salinas, de um caldeirão de culturas.

Essa é a minha voz, uma voz diversa entre mundos, entre a escrita e a oralidade, entre a ciência e a ficção, entre os vales e o sertão.

Sempre convivi com meus avós.