A Polícia Militar registrou, neste domingo (29), um boletim de ocorrência onde uma mulher acusa a Santa de Casa de Montes Claros de negligência. A filha dela nasceu morta, depois de um longo trabalho de parto. Rosilda Pereira Porto, de 26 anos, é de Grão Mogol, Norte de Minas e estava na segunda gestação. Toda a gravidez, conforme ela disse, foi tranquila. Nos nove meses teve somente pressão alta, que era controlada nas consultas de pré-natal. Ela veio para Montes Claros por indicação do médico da cidade devido a experiência no nascimento do primeiro filho.
A estudante de enfermagem, Patrícia Duarte Santos, acompanha a amiga. Ela confirmou que a entrada na unidade hospitalar foi no dia 27 de abril às 01 da madrugada. Às 11h Rosilda entrou em trabalho de parto. Até as 23h passaram quatro médicos, que avaliaram a paciente. O parto foi realizado no dia 28.
“A todo momento, nós explicávamos que na primeira gravidez ela não teve “passagem”, o que acarretou vários problemas. Estávamos com todos os documentos, ultrassons, mas fomos ignoradas. Deu três centímetros de dilatação e novamente falamos que não teria condições. Mas nenhum médico acreditou nos nossos argumentos. Mesmo assim queriam induzir ao parto. Quando chegou aos sete centímetros de dilatação, Rosilda disse que não teria condições de ganhar normal e não passava disso. A médica queria induzir com ocitocina, mas ela não quis, até porque estava há quase dois dias em trabalho de parto, fraco porque não se alimentava. Foram a fraqueza que a abatia. A medica saiu da sala brava, anotou a negativa da mãe. Eu tentei convence-la de fazer a cesárea, mas ela não deu ouvidos”, disse Patrícia.
Passado esse estresse, Rosilda disse que tomava o medicamento, mas a obstetra teria que dar anestesia, era um pedido da paciente. O que não aconteceu. Em seguida, chegou um acadêmico para ouvir os batimentos cardíacos da neném.
“Só que não tinha batimentos, trocaram de aparelhos, chamaram uma médica, que chamou a outra e nada. Imediatamente, levaram Rosilda para o Bloco Cirúrgico. No começo não me deixaram entrar na sala para acompanhá-la. Não sei como foi o início. Quando entrei eles tentavam puxar o bebê, mas não alcançavam. Abriram a barriga e quando conseguiram, infelizmente, estava morta. O pediatra levou para o berço fez os procedimentos neonatal, deu adrenalina. Ele até perguntou porque não tinham olhado o ultrassom, que a menina era grande. Uma negligência tamanha, um descaso total”, encerra Patrícia, afirmando que a mãe da menina morta, está péssima.
O corpo do bebê foi enterrado na cidade de origem da família, neste sábado (28), no cemitério municipal.
A paciente recebeu alta às 18h, mas a ambulância de Grão Mogol não veio buscá-la como combinado. Então ela permanece no hospital.
“Disseram que não poderiam hoje, somente segunda-feira. Isso significa que ela ficará sem medicação e ela ainda sente dor. Estamos numa ala diferente de onde estávamos. Há pouco veio uma técnica de enfermagem e aplicou dipirona. Espero que a dor passe”, afirmou Patrícia.
Em contato com o Prefeito da cidade, por telefone, Hamilton Nascimento (Cuta-PPS), ele disse que não tinha ciência do fato e que irá providenciar a ambulância para buscar Rosilda.
“Ninguém me comunicou. Porque no caso do bebê eu soube era 1h40 da madrugada e assim que soube providenciei tudo”, encerrou o prefeito.
O que diz a Santa Casa
A Santa Casa de Montes Claros informa que será aberta sindicância para apurar o ocorrido e que se manifestará após apuração do caso.