O Google homenageia, nesta terça-feira (30), no Doodle, Janaína Dutra, a primeira travesti do Brasil a exercer a advocacia como membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para José Cândido de Souza filho, ou Candinho, presidente do Movimento LGBTQ+ dos Gerais (MGG), de Montes Claros, a ação da página é muito justa. “Para nós da comunidade, que lutamos contra a discriminação, essa é uma homenagem que nos orgulha muito. Vivemos em um país que é campeão de mortes de LGBTQIA+, principalmente travestis e transexuais. Então termos pessoas que resistem e lutam como a Janaína é essencial. Ela quebrou todas as barreiras do preconceito e realizou o seu sonho”, diz.
Sua história
Cearense, Dutra nasceu em Canindé, há exatos 61 anos. Em 1986, graduou-se em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e, alvo de homofobia, dedicou-se a defesa da causa LGBTQIA+.
Ainda na década de 1980, a advogada criou a primeira campanha prevenção do HIV no Brasil focada na população transgênero, iniciativa realizada em parceria com o Ministério da Saúde. No mesmo período, ela participou da construção do Grupo de Apoio Asa Branca (GRAB), referência importante no movimento da livre orientação sexual no Ceará.
Com a travesti Thina Rodrigues, fundou a Associação de Travestis do Ceará (ATRAC), onde foi a primeira presidente. A organização focava no desenvolvimento do apoio social e jurídico para a comunidade LGBTQIA+.
Ao longo da vida, a ativista ficou conhecida por sempre carregar uma cópia da lei anti-homofobia aprovada na cidade em que nasceu. Ela movimentou inúmeras palestras, conferências, seminários e debates na defesa da igualdade.
Desde 2011, Dutra dá nome ao Centro de Referência LGBTQIA+ em Fortaleza, capital do Ceará, uma unidade pública que concede serviços de proteção e defesa da comunidade em situação de violência devido à homofobia.
Ela morreu no dia 8 de fevereiro de 2004, aos 43 anos, vítima de um câncer de pulmão, mas seu legado e representatividade permanecem vivos.
“A luta que Janaína começou, continua, contra o preconceito, a falta de espaço. Queremos que cada um LGBTQIA+, assim, como ela queria, alcance seus direitos, pois também somos pagadores de impostos e merecemos respeito”, ressalta Candinho.