A Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) e o Ministério da Saúde concluíram sexta-feira, 19, a realização de treinamento de profissionais de saúde dos municípios de Francisco Sá, Jaíba, Grão Mogol e Fruta de Leite que estão entre as 132 cidades do país selecionadas para a implementação da primeira etapa do Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. O treinamento consistiu na realização de testes rápidos para a detecção da leishmaniose em cães, bem como a incorporação de coleiras impregnadas com deltrametrina a 4%.
Bartolomeu Teixeira Lopes, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS, explica que a coleira tem ação repelente contra o mosquito conhecido como palha, tatuquiras, birigui, entre outros, responsável pela transmissão do parasito da leishmaniose visceral. O insumo é de uso exclusivo em cães a partir de três meses de idade e deve ser trocada a cada seis meses.
Nos municípios selecionados na área de atuação da SRS de Montes Claros a previsão é de que, em quatro anos, 25 mil animais serão monitorados por meio do encoleiramento. Nesta primeira fase o Programa está sendo executado em municípios que, nos últimos três anos, apresentam alta, intensa ou muito intensa transmissão da leishmaniose visceral.
Por meio de estudos de intervenção controlado e multicêntrico realizado em 2010 em 14 municípios, entre eles Montes Claros, o Ministério da Saúde concluiu que a proposta de incorporação de coleiras impregnadas com deltrametrina a 4% para o controle da leishmaniose visceral foi responsável pela redução de 50% da prevalência da doença em cães.
O treinamento concluído sexta-feira contou com a participação de técnicos do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, que já iniciou a implementação do Programa de vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral.
O trabalho também envolveu a participação dos técnicos do Ministério da Saúde, Lucas Edel Donato e Kathiely Martins dos Santos, bem como da referência técnica da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG), Stefânia Gazzinelli, que integra a equipe do Programa de Vigilância e controle da Leishmaniose Visceral.
Além do treinamento prático, os técnicos dos municípios também receberam orientações da SES-MG quanto à finalização dos planos de trabalho para a execução do Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. A partir do encaminhamento dos planos de ações à SES-MG, os municípios receberão os materiais necessários para o início dos trabalhos de campo.
A DOENÇA
A coordenadora de vigilância em saúde da SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes explica que a leishmaniose é uma doença infecciosa grave, sistêmica e que pode causar a morte de pessoas se não for tratada. No meio urbano, o principal reservatório da doença são os cães.
Os principais sintomas são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular e anemia. Apesar de grave, a leishmaniose visceral tem tratamento gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde – (SUS).
Trata-se de uma doença de notificação compulsória. A partir de todo caso suspeito se torna obrigatória a investigação, com a avaliação do paciente e a realização dos exames que possam confirmar o caso, bem como desencadear ações ambientais para o controle da doença. No Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria, sediado em Montes Claros, é a unidade de referência para tratamento de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral.
Para a realização de exames os pacientes residentes em Montes Claros são encaminhados para a Policlínica do bairro Alto São João, onde é feita coleta de sorologia. Nas demais localidades esse procedimento é de responsabilidade das secretarias municipais de saúde. As amostras são encaminhadas para análise no Laboratório Macrorregional da SES-MG, sediado em Montes Claros.