Livro aponta caminhos para a promoção da inclusão escolar igualitária

Girl with Down Syndrome develops thinking in a rehabilitation center for special children

Na teoria, toda criança, independentemente da sua condição, tem direito à educação equiparada e de qualidade, respeitando suas limitações e promovendo a inclusão em todos os espaços. Na prática, isso ainda está longe de acontecer. Os motivos são diversos e vão desde a falta de recursos para promover o mínimo conforto possível até a falta de compreensão das necessidades especiais das crianças que possuem deficiência física, sensorial ou intelectual.

Todos esses pontos são discutidos no livro “Educação Infantil, Linguagem e Inclusão Escolar”, organizado pela fonoaudióloga e pedagoga Jáima Pinheiro de Oliveira, pela pedagoga Simara Pereira da Mata e pela psicóloga Marília Bazan Blanco. A publicação aponta os principais desafios e ações para promover um aprendizado justo e de qualidade para todos.

Dividido em 3 sessões e 11 capítulos, o livro traz as inúmeras demandas da educação infantil com perspectivas inclusivas desde a primeira infância e aborda aspectos que ajudam o leitor a pensar sobre as questões específicas com relação a inclusão no universo educacional, sobre os métodos de avaliação de linguagem em crianças com deficiência e das características dos processos em condições diferentes de desenvolvimento.

Uma das organizadoras da publicação, a pedagoga Jáima Pinheiro, docente da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destaca que é importante saber diferenciar o conceito de educação inclusiva e inclusão escolar pode ajudar crianças e jovens que sofrem com a exclusão acadêmica, por conta das suas limitações

“Muitas pessoas confundem educação inclusiva com inclusão escolar. Quando falamos de educação inclusiva nos referimos ao movimento mundial que não discrimina nenhum tipo de pessoa dentro das escolas, independente de raça, religião, cultura ou outras condições. É um movimento que preconiza a educação de qualidade para todos. Já ao falarmos de inclusão escolar, tiramos desse grupo não discriminado, pessoas com deficiência, pessoas com altas habilidades e/ou superdotação e com o transtorno de espectro autista (TEA), entre outras. Então, quando se fala em inclusão escolar, falamos da escolarização dessas pessoas na escola regular”, explica a pedagoga Jáima Pinheiro.

Capacitação é fundamental

Capacitar profissionais para lidar com os diferentes tipos de personalidades e as possíveis adversidades que possam surgir é de suma importância, bem como montar uma equipe multidisciplinar que contribua para a formação desses estudantes e garanta que todos aprendam, ensinem e se ajudem mutuamente na comunidade escolar.

“Em uma sala de aula é possível ter crianças que não falam, que não ouvem, que são hiperativas… Então, é preciso pensar em estratégias e conteúdos específicos, como as brincadeiras, a música ou a pintura, para favorecer e desenvolver a linguagem, a comunicação e valorizar as interações entre os diversos estudantes”, defende. Na avaliação de Jáima, com esses processos será possível oferecer um ambiente favorável para todos e, a partir disso, promover uma linearidade nos procedimentos educacionais.

Busca por uma educação de qualidade

Embora os Transtornos Funcionais Específicos (TDAH, Dislexia, Disgrafia, dentre outros) não tenham relação direta com a Inclusão Escolar, também são casos que precisam de uma atenção especializada para uma educação de qualidade.

E é essa educação de qualidade que a cozinheira Maria da Conceição, 54, mãe do pequeno Mateus de Souza, 10, busca. Quando mais novo, Mateus foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e, desde então, faz uso de remédios para conseguir se concentrar nas aulas. Por isso, o pequeno tira de letra as atividades escolares, afinal, a sua agitação não impede o seu desempenho intelectual. “Na escola, ele sempre senta na frente, não tem notas vermelhas. Gosta de desenhar, de ler, pintar, desenhar, ficar jogando no computador… Todo mundo gosta dele”, revela Conceição.

Mateus é acompanhado por uma equipe de profissionais que o estimulam a desempenhar suas atividades com alegria, dinamismo e leveza. Na escola, os professores o ajudam a lidar com os colegas, o ambiente e as tarefas que ele precisa cumprir. Além da inteligência, um dos pontos fortes do pequeno Mateus é seu carisma. Conversador e comunicativo, o menino faz amizade com facilidade e se destaca pela espontaneidade: “Ele gosta de conversar com todos, em qualquer lugar. No mês de agosto, teve o aniversário da diretora e ele pegou o microfone e fez uma homenagem para ela. Foi tudo muito espontâneo e todos gostaram da atitude dele”, conclui a mãe orgulhosa.

Fonte: Agência Educa Mais Brasil