Leite tem aumento de 39% e traz prejuízo para produtores

Apesar dos preços baixos no exterior, como na Argentina e Paraguai, no Brasil, o custo de produção de leite, segue em elevação, com alta de 39% nos últimos 12 meses encerrados em junho – dados do ICPLeite/Embrapa. Para a empresa, o que pode ter contribuído com o crescimento do valor do produto foi o clima frio, como as geadas no Paraná, São Paulo e parte do Mato Grosso do Sul. No mês de junho houve perdas adicionais da safra do milho, prejudicando ainda mais a oferta do cereal. O farelo de soja, também com trajetória declinante de preço, reverteu a direção no início de julho, após a desvalorização mais recente do real frente ao dólar. Dessa forma, não há, neste momento, alívio em custo de produção.

Otaviano Pires Júnior, diretor de Pecuária Leiteira da Sociedade Rural de Montes Claros, destaca que está inviável a produção de leite no Norte de Minas, pois o preço dos insumos aumentou muito. Um saco de milho no ano passado era vendido a R$ 40 e atualmente está R$100 – o mesmo vale para o sorgo que valia R$100 e passou para R$160.

“Esses são os principais cerais para alimentar o gado, principalmente em época de seca, com pouca pastagem. O preço que chega nos supermercados não é repassado por nós, pois fica inviável”, ressalta o produtor.

NO SUPERMERCADO

No mercado atacadista de derivados lácteos houve valorização a partir de maio, em razão da menor disponibilidade interna de leite. O leite UHT em Montes Claros passou de R$3/litro no início de maio para R$3,40/litro em meados de junho. Movimento parecido de valorização ocorreu no queijo muçarela, saindo do patamar de R$22/kg para R$28/kg no mesmo período. Nas últimas duas semanas, no entanto, o mercado atacadista perdeu fôlego, com UHT a R$2,50/litro e queijo muçarela a R$27/kg,

NORTE DE MINAS

O leite é um dos principais produtos do agronegócio brasileiro e mineiro. Somente nas fazendas norte-mineira cadastradas na Sociedade Rural de Montes Claros são produzidos cerca 300 mil litros por dia, o que alavanca a economia da região, com a produção de queijos e outros laticínios.

“Nossos fazendeiros vendem para várias cidades, principalmente para cooperativas. Com o torneio, percebemos uma interação entre produtores e a demonstração prática da viabilidade da pecuária leiteira na nossa região”, pontua Otaviano Pires Júnior.