Prefeitura de Montes Claros nega envolvimento com a CPI da Covid

Foto: Divulgação CNN

O nome da Prefeitura de Montes Claros apareceu ontem durante a reportagem da CNN sobre a CPI da Covid, que investiga esquema de compras de vacinas em diversas partes do país. Em troca de mensagens entre Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, e Luiz Dominghetti, que presta serviços informalmente para a empresa, revela que, para vender vacinas da AstraZeneca e da Janssen, os dois procuraram desde o Ministério da Saúde a governadores e prefeitos – o nome do deputado Paulo Guedes também é citado nas mensagens.

O diálogo entre os envolvidos foi exposto pela CNN. Para chegar a prefeitos, de acordo com as mensagens, a interlocução seria feita pela Senah, a empresa particular chamada de Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, comandada pelo reverendo Amilton Gomes de Paula, que será ouvido pela CPI depois do recesso parlamentar. “A FNP está com a Senah”, afirma Dominguetti a Carvalho, no dia 22 de março. FNP é a sigla para Frente Nacional de Prefeitos. O policial complementa que “muitos municípios vão enviar pela FNP”, referindo-se à proposta de compra.

 Sem citar o nome (Dominguetti), ele afirma não saber como o prefeito de Montes Claros teria conseguido seu número de telefone e ligado. Carvalho responde “que eu saiba, o deputado Paulo Guedes, de MG, que passou o meu contato. Não fui procurado por ninguém da FNP até agora ou falando em nome dela”.

A reportagem da CNN foi publicada nesta segunda-feira, 19, e somente hoje, no final da tarde, a prefeitura de Montes Claros negou o caso. Em nota, a Prefeitura de Montes Claros esclareceu que em maio de 2020, através do Decreto Municipal 4039, foi determinado que todas as compras e contratos da área da saúde, voltados ao enfrentamento do novo coronavírus, fossem disponibilizados em Portal de Transparência, na internet, de modo a permitir que qualquer um pudesse acompanhar os gastos públicos.

“É verdade que alguns intermediários chegaram a oferecer vacinas ao município. Contudo, diante da falta de credibilidade das propostas e das condições, nenhum procedimento inicial para aquisição foi adotado. O município não adquiriu nenhuma vacina ou iniciou procedimento de aquisição – todas as doses aplicadas em Montes Claros vieram do Programa Nacional de Imunização, através do Governo Federal”, informou a nota.

O deputado Paulo Guedes negou que participou de qualquer negociação envolvendo o esquema de compras de vacinas contra a Covid-19 e que desconhece as pessoas citadas na reportagem da CNN.

“O único contato que tive relacionado a este assunto foi uma reunião virtual com a presença de alguns prefeitos do Norte de Minas, realizada no dia 20 de março, a convite do advogado Antônio Olímpio, que é filho de um amigo pessoal. Nesta reunião, o Sr. Cristiano Carvalho se apresentou como representante da empresa Davati para venda de vacinas. Ali fizemos muitos questionamentos e, é claro, não houve nenhuma negociação”, afirma Guedes.

O deputado ainda ressalta que o próprio advogado informou que teria descoberto que se tratava de uma empresa de fachada, pediu que os prefeitos desconsiderassem aquelas propostas e tudo acabou ali mesmo.