Projeto do Montes Claros América mantém solidez em meio à crise do vôlei nacional

O rompimento de parcerias e a falta de patrocinadores para projetos esportivos viraram tema na última semana com a desistência do Juiz de Fora Vôlei da Superliga A e o fim da união entre a Prefeitura de Taubaté com a Fundação Universitária Vida Cristã (Funvic). Em meio à crise do voleibol no país, o Montes Claros América Vôlei surge como um modelo de gestão a ser seguido.

Gestor do Moc América, Andrey Souza explica que o vôlei nacional tem passado por uma série de dificuldades, que vão desde a captação de atletas, a concorrência com o mercado exterior, tendo o euro e o dólar como moedas fortes, além da dificuldade de patrocínios e protocolos para viabilizar a participação de equipes nas competições.

Segundo Andrey, o conhecimento adquirido durante a gestão o ajuda na execução de projetos dessa magnitude. “Hoje, o exercício é diário de manutenção de uma equipe, o sacrifício é diário. Mas nós, através da experiência ao longo dos anos e pela qualificação que temos, conseguimos buscar as melhores alternativas. Já temos credibilidade no mercado quanto aos parceiros, do investimento que se faz e do retorno que nós damos a eles”, revelou. 

Souza conta ainda que, devido à aproximação e confiança de empresas apoiadoras, tem sido possível a assiduidade durante todos esses anos. “Isso faz com que nós tenhamos uma solidez maior para a continuidade. Se pegássemos anos anteriores, teríamos dúvidas do ano seguinte. Hoje, praticamente temos a certeza. A temporada nem começou ainda e  já estamos captando recursos para a temporada 22/23. Isso demonstra organização, planejamento, facilitando, assim, a nossa continuidade”, destacou. 

FIM DE PARCERIAS E FALTA DE PATROCÍNIO 

O atual campeão da maior competição do país na modalidade, o Vôlei Taubaté, ainda vive  momento de incerteza após rompimento de parceria. Em nota, a Prefeitura de Taubaté, por meio da Secretaria de Esportes e Lazer, confirmou o fim da união com a Fundação Universitária Vida Cristã (Funvic), na modalidade do Vôlei Masculino Adulto.

De acordo com o texto, foram constatados problemas de ordem administrativa e financeira de temporadas passadas, bem como apontamentos de irregularidades do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) nos últimos anos.

“Ressaltamos que, ao longo desses 6 meses, a nova administração municipal trabalhou incansavelmente para viabilizar a continuidade do projeto. Foi solicitado aos gestores do projeto, ligados à parceira FUNVIC, a apresentação de um plano de viabilidade financeira para a manutenção do mesmo, o que não ocorreu até o momento, tendo em vista que a prefeitura aporta somente cerca de 30% do valor total com recursos públicos”, diz o texto.  

A prefeitura informou também que, “devido à pandemia e a crise financeira nacional, ficou inviável a permanência e a adesão de empresas patrocinadoras ao projeto”.

Procurada, a assessoria do clube informou que ainda não há uma posição final da Funvic em relação ao que será feito com o time. 

Outro fato que movimentou os bastidores foi o anúncio feito, na última sexta-feira (16), pelo JF Vôlei.  ao comunicar que não disputará a Superliga A na temporada 2021/2022.  Por questões financeiras e a não captação de recursos de patrocinadores, o clube optou por adiar o sonho de jogar a competição. O acesso juiz-forano veio após título invicto na divisão B. 

Segundo o informe, foram mais de 100 empresas visitadas, mas sem haver retorno necessário para a montagem de elenco para o torneio. “Ainda que a equipe fosse contar com apoio da CBV em passagens aéreas, taxas de arbitragem e parte da logística, valores também assegurados pelo JF Vôlei por meio das leis de incentivo, estes recursos não podem ser utilizados para pagamento dos salários aos jogadores. Sendo assim, o JF Vôlei não pode arriscar a sustentabilidade do objetivo principal do projeto – a formação social através do esporte, que mobiliza mais de 200 jovens de Juiz de Fora e que será ampliada após a pandemia”, diz a nota. 

Ainda de acordo com o informe, o foco agora são os treinamentos das categorias de base e o planejamento da Superliga B 2022. Confira aqui a nota completa

Andrey lamentou os episódios recentes e espera melhores condições para o vôlei no Brasil. “Ficamos tristes em ver tantas notícias de equipes acabando, de projetos que não conseguiram viabilizar e outros com dívidas. Dificuldades todos passam e nós já passamos.  Solidarizar com eles e buscar que o voleibol se torne um produto mais atrativo no seu todo, facilitando, assim, a manutenção e a sobrevivência das equipes nesse cenário de pandemia”, descreveu.