Das 8,6 milhões de mulheres donas de negócios no Brasil, 9% são mineiras. Com 771,4 mil empreendedoras, Minas Gerais só perde para São Paulo (1,9 milhões) em número de mulheres no comando dos negócios. É o que mostra um levantamento do Sebrae feita com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao terceiro trimestre de 2020.
Neste contexto está a empreendedora Maurisílvia Holanda da Costa Pereira, de Montes Claros. Ela mostra que para empreender é preciso ter coragem, deixar a zona de conforto e encarar desafios.
Depois de trabalhar 17 anos em uma revendedora de baterias – incialmente como auxiliar de escritório e, ainda na supervisão de vendas –, ela decidiu arriscar em um negócio próprio, em uma área totalmente diferente. Foi assim que, em 2016, Maurisilvia, graduada em Administração de Empresas, comprou uma loja de lingerie e moda praia, localizada no maior shopping da cidade.
Mas, a transição de funcionária para empresária não foi uma tarefa simples. “Por três anos, levei uma jornada dupla. Durante o dia, trabalhava na revendedora de baterias, e uma funcionaria tomava conta da minha loja. À noite e aos fins de semana, corria para loja para deixar tudo em ordem. Eu sabia dos riscos que estava correndo. Optei por continuar no meu emprego, pois precisava ter um salário garantido no fim do mês até a loja se firmar”, conta.
A diferença do perfil dos clientes do setor em que ela trabalhou e trabalha atualmente também foi um desafio, mas ajudou na sua desenvoltura para os negócios. “Na revendedora de baterias, o público era, em sua maioria, masculino, tanto de clientes quanto de colegas. Como supervisora, eu tinha seis homens sob o meu comando, por exemplo. Já na minha loja, o público é, em sua grande maioria, feminino. Precisei me adaptar a esse novo perfil de negócio e de clientes”, destaca.
Maternidade
O principal motivo que levou a ex-funcionária a empreender foi o planejamento para ser mãe, sonho que virou realidade, mas exigiu uma dedicação maior. “Depois que minha filha nasceu e voltei da licença maternidade, decidi que queria passar mais tempo com ela. E então deixei o emprego. Atualmente, cuido da minha loja e da minha filha. Foi uma coisa que planejei. Não que ter o próprio negócio seja mais fácil, mas posso administrar melhor meu tempo entre os negócios e a família. No início, tive muita dúvida e temia em deixar um emprego seguro por um risco de um negócio próprio. Hoje, estou feliz e sinto que fiz a escolha certa”, revela.
Pandemia e apoio do Sebrae Minas
Como disse Maurisilvia, ser dona do próprio negócio tem seus riscos. No início da pandemia, a loja precisou fechar, e ela enfrentou um dos seus maiores desafios sem saber o que fazer. Ela conta que o apoio do Sebrae Delas, programa que apoia mulheres empreendedoras, foi fundamental para seguir em frente. “Travei e não sabia o que fazer e foi aí que o Sebrae Delas, me deu força. Com a ajuda que recebi, percebi que não estava sozinha . Voltei a postar nas redes sociais da loja como fazia antes e, aos poucos, as coisas foram se acertando. Busco sempre me capacitar e estar atenta às transformações do mercado”, enfatiza.
A analista do Sebrae Minas Hebbe Mendes destaca a coragem e a determinação de Maurisilvia em enfrentar desafios e superar dificuldades. “Ela é um retrato de tantas mulheres que precisam trabalhar e, ao mesmo tempo, não abrem mão da maternidade e da família. Esse também é um dos objetivos do Sebrae Delas, levar capacitação, mas também confiança e motivação para que elas sigam em frente nos negócios e na vida”.
Por Cida Santana