Hospital Universitário reforça o alerta para os perigos com animais peçonhentos nesta época do ano

O Brasil, por ser um país de clima tropical, com temperaturas elevadas, oferece condições propícias para a reprodução de animais peçonhentos, que acabam representando riscos para a saúde pública. Esta situação é verificada pelo balanço dos atendimentos de vítimas de animais peçonhentos realizados pelo Hospital Universitário Clemente de Faria nos últimos dois anos. Vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), a unidade é referência regional nesse tipo de atendimento.

Em 2020, o HUCF atendeu a 6.084 casos de pessoas que sofreram ataques de animais peçonhentos, sendo registrada uma pequena queda (3,93%) em relação a 2019 (6.333 atendimentos). O escorpião é a espécie peçonhenta com o maior registro de vítimas, respondendo por 44,49% do total de ocorrências desta natureza no HUCF nos últimos dois anos. Os dados foram divulgados nesta semana pelo Escritório de Qualidade do hospital.

Conforme o relatório, em 2020, apesar do esforço da equipe do Hospital Universitário em salvar vidas, a Unidade registrou quatro óbitos de vitimas de animais peçonhentos, sendo que a maioria de pacientes foram transferidos em estado grave, vindos de outros municípios da região. Em 2019, foram registradas quatro mortes de vítimas de complicações decorrentes de picadas de animais peçonhentos.

Cuidados

Nesta época do ano, com o clima úmido e quente do verão, as pessoas devem redobrar os cuidados em relação à proliferação de escorpiões, aranhas, cobras, lagartas e outros animais venenosos. O alerta é do médico pediatra Carlos Lopo, da equipe do Hospital da Unimontes.

“Recebemos continuamente as vítimas de Montes Claros e de outros municípios do norte de minas, que sofreram acidentes com animais peçonhentos. O alerta à população é importante devido à característica previsível destes envenenamentos, principalmente neste período de calor e umidade e de isolamento social”, afirma Lopo.

Foto: Wesley Gonçalves/Ascom Unimontes

“O envenenamento por contato acidental com o escorpião, responsável pelo maior número de casos notificados, ocorre principalmente dentro das casas. Não pode se esquecer, também, da prevenção também com aranhas e cobras. Os primeiros cuidados após o acidente são determinantes. Felizmente, com a conscientização e os cuidados, já é possível considerar a redução do registro de óbitos e no número de pacientes internados”, destaca o pediatra.

Ataques em números

De acordo com os números do Escritório da Qualidade do HUCF, em 2020, foram atendidas na unidade 2.689 vítimas de picadas de escorpião, 3,24% a menos do que os casos de 2019 (2.770). No ano passado, janeiro foi o mês com maior quantidade de pessoas atacadas pelo escorpião, com 705 casos – contra 667 ataques registrados em 2019 – queda de 5,39% em relação a janeiro do ano retrasado (5,39%).

As cobras estão como a segunda maior causa de acidentes com espécies venosas registradas pelo serviço especializado do HUCF, um aumento de 7,23% dos atendimentos de um ano para outro – 252 (2020) contra 234 (2019).

Em 2020, o HUCF atendeu 54 pessoas atacadas por aranhas, 15,62% inferior ao número de vítimas da mesma espécie no ano anterior (64). Os casos de vitimas de abelhas e vespas em 2020 foram 54, queda de 29,62% em relação aos caos de 2019 (38).

Foram atendidas pela unidade hospitalar sete vítimas atacadas por artrópodes em 2020 – aumento de 40% em relação a 2019 (cinco casos). E, em último lugar, outros répteis com um ataque em 2019 e nenhum no ano passado.

Ainda conforme os dados do Escritório da Qualidade do HUCF, em 2020, houve o registro de 20 ataques de animais venenosos não identificados, com redução de 53,84% em comparação com os 65 casos de 2019. Ainda no ano retrasado, a unidade ambulatorial atendeu a uma vítima de “répteis não identificados”, não ocorrendo nenhum caso semelhante em 2020.