‘Vaquinha virtual’ arrecada fundos para finalizar monumento que homenageia cabo montes-clarense que morreu em combate na 2ª Guerra Mundial

As obras do monumento que homenageia Geraldo Martins Santana, conhecido como Cabo Santana, único montes-clarense morto em combate na Segunda Guerra Mundial, estão a todo vapor. O projeto é realizado inteiramente com recursos privados.

De acordo com o Mestre em Sociologia Política, Júlio César Guedes Antunes, responsável por organizar os dados biográficos do Cabo e um dos idealizadores do projeto, 60% das obras já estão concluídas. “Fizemos o traçado básico do jardim e posicionamos a estátua hoje [30 de junho]. Mas ainda precisamos fazer todo o acabamento do monumento, que até agora foi totalmente feito com doações de pessoas físicas”, explica.

O investimento total gira em torno de R$ 50 mil e para a conclusão do monumento são necessários o investimento de mais R$ 20 mil; para arrecadar esse valor uma vaquinha virtual foi criada pelos idealizadores do projeto. “Criamos um financiamento coletivo para receber doações. Todo doador receberá um diploma de agradecimento, as pessoas podem contribuir com qualquer valor, com cartão de crédito ou boleto bancário”.

O Conjunto Memorial ao Cabo Geraldo Martins Santana será o maior memorial da Força Expedicionária Brasileira em Minas Gerais e um dos maiores do Brasil. Júlio César acredita que o complexo se tornará um marco turístico e cartão postal de Montes Claros, além de virar uma referência para escolas no ensino da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.

O monumento terá uma estátua de 3,20m de altura, representando o Cabo Geraldo Martins Santana, sobre uma base de 4m de altura. O projeto é assinado pela arquiteta Viviane Câmara. Segundo ela, a ideia inicial foi criar um espaço de convivência no qual o cidadão poderá aprender sobre a história da Força Expedicionária de forma tranquila.

“Eu já tinha um certo conhecimento sobre a história, tendo inclusive já visitado vários museus e ido a Montese e Monte Castelo, na Itália, além de ter tido o prazer de conhecer alguns veteranos. Isso facilitou a concepção da praça”, diz.

A iluminação da praça será feita por holofotes posicionados em pilares que possuirão placas contando sobre a campanha brasileira na Itália. No chão haverá um revestimento, em volta do paisagismo que representa a estrela do Exército Brasileiro, onde estarão impressos os nomes e datas de todas as batalhas das quais os brasileiros participaram.

Curiosidade

Foi em 2012 que o mestre em sociologia Júlio César Guedes Antunes descobriu que o Cabo Santana foi o único montes-clarense morto em combate na segunda grande guerra.

Durante as pesquisas ele descobriu que a Câmara Municipal de Montes Claros havia aprovado a construção do monumento, em homenagem a Santana, em 1959, mas a obra nunca foi concretizada.

“À época, o prefeito de Montes Claros era Simeão Ribeiro. Ele contratou um artista de Belo Horizonte para esculpir um busto do Geraldo Santana. Contudo, após sessenta dias de assinado o contrato, o artista simplesmente desapareceu com o dinheiro sem nunca ter entregado o trabalho. Dessa forma, o projeto acabou morrendo”, conta.

Cabo Santana

Geraldo Martins Santana nasceu em Montes Claros em 1923, filho de Antônio Martins de Sant’Ana Primo e Josefina Cândida Sant’Ana, ele sempre demonstrou desejo de se tornar militar. Como em Montes Claros ainda não havia uma unidade do Exército, em 1940, ele seguiu para Belo Horizonte e entrou para o 12º Regimento de Infantaria.

Em 1942 foi promovido a cabo e no ano seguinte integrou a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Em 1944 embarcou rumo a Itália e combateu tropas inimigas no Vale do Serchio, onde foi agraciado com a Cruz de Combate de 2ª Classe. Na noite do dia 9 de novembro de 1944, enquanto montava guarda da linha de frente, na localidade de Palazzo d’Affrico, perto de Monte Castelo, ele foi ferido na cabeça por um estilhaço de morteiro alemão e morreu aos 22 anos.

O Cabo foi enterrado no Cemitério de Pistóia, e em 1960 teve os restos mortais transferidos para o Rio de Janeiro. Dos cerca de 13 expedicionários montes-clarenses ele foi o único a morrer em combate.

**Escrita pelo repórter Carlos Alberto Jr.