A partir desta semana, 16 hospitais de referência do Norte de Minas vão receber a cloroquina, para tratamento de pacientes internados por síndrome respiratória aguda grave causada pelo novo coronavírus. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (13 de abril), durante reunião da Sala de Situação que analisa a evolução da pandemia no Norte de Minas. A distribuição da cloroquina será em 12 municípios: Montalvânia, Brasília de Minas, Januária, Manga, Montes Claros, Bocaiuva, Janaúba, Monte Azul, Salinas, Taiobeiras, São João do Paraíso e Pirapora.
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Assistência Farmacêutica da Superintendência Regional de Saúde, Cynthia Antunes Barbosa a iniciativa do Ministério da Saúde leva em consideração que atualmente “não existe outro tratamento específico eficaz disponível” para a Covid-19 e que há dezenas de estudos clínicos nacionais e internacionais em andamento, avaliando a eficácia e segurança da cloroquina para a infecção causada pelo novo coronavírus. Por isso, alerta o Ministério da Saúde, “essa medida poderá ser modificada a qualquer momento, a depender de novas evidencias científicas”.
A cloroquina e seu análogo, hidroxicloroquina, são fármacos que clinicamente são indicados para o tratamento de malária, artrite reumatoide (inflamação crônica das articulações), lúpus eritematoso sistêmico e discoide, condições dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar.
Segundo o Ministério da Saúde, algumas publicações científicas internacionais têm sugerido que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem inibir a replicação do coronavírus. Porém, observa o Ministério da Saúde, a automedicação dos dois fármacos é contraindicada pelo fato de que, a longo prazo, podem surgir eventos adversos como retinopatia diabética (excesso de glicose no sangue, o que compromete a visão) e distúrbios cardiovasculares.
Por isso, antes do uso da cloroquina ou hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados por Covid-19, o Ministério da Saúde recomenda que as equipes médicas devem realizar ecocardiograma e acompanhar, durante toda a internação, o intervalo QT (prolongamento anormal de uma medida do eletrocardiograma). A cloroquina pode aumentar esse intervalo, especialmente se utilizada associada a outras drogas. Na presença de insuficiência renal ou hepática graves, as equipes médicas devem reduzir a dose de cloroquina para 50%.
Outras ações
A superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques explicou que as reuniões da Sala de Situação serão diárias, visando alinhar as ações a serem implementadas junto com os 54 municípios que integram a área de atuação da SRS. A Sala de Situação conta com a participação de referências técnicas dos núcleos de Regulação, Coordenadoria de Atenção à Saúde, Vigilância Epidemiológica, Assistência Farmacêutica, Vigilância à Saúde, Mobilização, Vigilância Sanitária e Comunicação Social.
“Nossas ações terão como base as orientações repassadas pelo nível central da SES-MG e o repasse de notas técnicas e acompanhamento dos trabalhos dos municípios será de fundamental importância para o enfrentamento ao novo coronavírus. Além disso, vamos acompanhar de perto todas as ações implementadas pelos municípios voltadas para o atendimento dos pacientes que venham a serem acometidos pela Covid-19, visto que tanto o Governo do Estado como o Ministério da Saúde já viabilizou o repasse de recursos financeiros para os municípios e para os hospitais de referência, voltadas para o custeio de serviços e compra de insumos”, lembrou a superintendente.
A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes reforçou que “o acompanhamento e análise diária dos casos suspeitos de Covid-19 notificados pelos municípios viabilizará que, em tempo real, a SES-MG tenha condições de tomar decisões e auxiliar os municípios nas ações que forem prioritárias”.