Com a suspensão da realização das feiras livres em Porteirinha, os feirantes estão se virando como podem para atender aos clientes e manter o faturamento. Uma das opções encontradas pela prefeitura, por meio da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Econômico de Porteirinha, em parceria com diversas entidades, foi a entrega domiciliar, o famoso delivery.
O secretário da pasta, Adão Custódio dos Santos, conta que o projeto surgiu a partir da necessidade de realizar o comercio dos produtos dos agricultores familiares do município, já que a partir do decreto de situação de emergência, a aglomeração de pessoas, nos espaços públicos, estaria proibida. “Discutimos com a Emater, Associação Comercial e Sebrae como os agricultores poderiam continuar comercializando seus produtos, de forma que continuassem alimentando a população e continuassem na ativa com as suas atividades e escoando a produção”.
A feira delivery deu tão certo que atualmente 40 produtores estão cadastrados. Todos os dados dos feirantes e a lista de produtos que eles comercializam ficam cadastrados em um link, dentro do site da prefeitura. Os interessados em comprar os produtos podem acessar a página, verificar o menu e ligar para o feirante e realizam as encomendas.
Há mais de 10 anos dona Marinete Mendes Silveira Oliveira e o esposo comercializam produtos no Mercado Municipal de Porteirinha. Eles moram na comunidade rural de Barreiros Dantas 01 e viram com preocupação as restrições de continuar trabalhando e vendendo os produtos devido a crise provocada pela pandemia do coronavírus. Mas a ideia da feira delivery tem garantido que o casal continuasse faturando.
“Vivemos da agricultura familiar e agora com essa paralisação, devido o coronavírus, veio a dificuldade de vender a nossa mercadoria. Então, com tudo na roça perdendo e a necessidade de conseguir o dinheiro para manter a nossa família e os nossos filhos, foi aí que veio essa luz [feira digital]”.
Criatividade na hora da crise
A equipe de Marketing da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Porteirinha (Aciport), foi a responsável pela criação dessa página online. A executiva da entidade, Rosilei Ferreira Martins, revela que este foi um momento de usar a criatividade até para economizar nos gastos, por isso, a própria equipe desenvolveu o sistema para evitar custos e contratação de uma empresa.
“Foi uma medida emergencial que acabou sendo inovadora para o nosso município. Acreditamos que mesmo depois que passar toda essa situação da pandemia vai ser um mecanismo que vai continuar existindo”, diz.
De acordo com a executiva, a ação tem auxiliado os agricultores familiares a produzir e comercializar os produtos no próprio município “então vai ter um capital que vai circular aqui dentro e isso vai movimentar, também, outras áreas da economia”, finaliza.
A agricultora e feirante, Marinete Mendes ainda ressalta a praticidade que o projeto oferece. Segundo ela, tudo é bem organizado. “A pessoa nos liga, faz o pedido, e devido ser longe a gente pega pedidos de vários clientes para compensar a distância que a gente vai. Então a gente anota tudo e faz a colheita e vai até as casas onde a gente leva a nossa mercadoria. Graças a Deus tá dando certo”, conta.
Regras
Há uma regra que vale para todos os agricultores, os pedidos devem ser de no mínimo R$ 10, e a taxa de entrega pode chegar a R$ 3, tudo pode variar, já que os feirantes tem a total liberdade de combinar e negociar o preço com os clientes.
O manuseio dos produtos seguem a risca os cuidados necessários para evitar uma possível contaminação, inclusive do coronavírus. Diversas recomendações estão disponíveis na página dos feirantes.
“Pra gente foi uma solução, estamos conseguindo vender nosso produto e estamos mantendo a nossa casa. Então pra nós esse projeto foi muito bom, porque é uma forma de não estar parado e uma forma de atender nossos clientes”, finaliza dona Marinete.
**Escrita pelo repórter Carlos Alberto Jr