‘Mercado pet cresce graças às mudanças no comportamento dos tutores’, diz especialista

Foto: Gui Soares/Arquivo pessoal

É visível que os animais de estimação estão conquistando cada vez mais espaço no coração e na casa dos brasileiros, além de ganharem destaque na economia. O Brasil é o terceiro mercado que mais fatura com produtos e serviços para pets no mundo, com uma movimentação anual de R$ 20,3 bilhões, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido. Mesmo em meio à crise, o crescimento do setor têm sido acima de 6% ao ano desde 2014, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

A expectativa é que a expansão continue pelos próximos anos, já que os bichinhos têm criado demandas específicas, e atender este público, que soma mais de 132 milhões em população, pode ser um bom negócio.

Apesar da ausência de dados sobre o mercado pet em Montes Claros, a percepção é que a cidade acompanha a tendência nacional de crescimento do setor.

“Temos serviços inovadores na cidade, mas a abertura de novos negócios ainda está focada em modelos tradicionais, como lojas de varejo e pet shops, mas que  apresenta inúmeras possibilidades a serem exploradas”, diz o analista técnico do Sebrae, Walmar Magalhães Ferreira.

Foto Arquivo Pessoal

Há algum tempo, os pets já são considerados membros da família e, por isso, existe a preocupação de garantir uma boa qualidade de vida para eles.

“O mercado pet cresce graças às mudanças no comportamento dos tutores. Vemos essas mudanças na configuração das famílias que incluem, também, a presença dos animais de estimação. Temos, por exemplo, pessoas idosas, casais sem filhos ou com apenas uma criança, e adultos solteiros que optam por ter um bichinho como companhia”, analisa Walmar Magalhães.

Conforme ele explica, esta mudança de comportamento da sociedade trouxe reflexos econômicos. “Acompanhamos o surgimento de um nicho de mercado bastante interessante e que tem atraído cada vez mais o interesse de novos empreendedores”.

Para assegurar a qualidade de vida do pet, além de intensificar os cuidados com alimentação, saúde e higiene, os tutores passaram a se preocupar com maneiras de garantir lazer e entretenimento em meio à rotina atribulada do dia a dia. Na tentativa de atender estas demandas, o mercado tem inovado. Em Montes Claros há atualmente clínicas veterinárias cada vez mais especializadas, pet shops oferecendo diferentes serviços e produtos de higiene e beleza, lojas do varejo que se tornaram mais diversificadas com relação aos alimentos, brinquedos, roupas e acessórios, além de atividades cada vez mais diferenciadas.

Foto: Gui Soares/Arquivo pessoal

Dentre os serviços inovadores oferecidos pelo mercado estão o pet-táxi para transporte dos bichinhos; os hotéis para hospedagem; as creches que oferecem lazer no  período em que os tutores não têm disponibilidade; os petshops móveis, que levam o serviço de higiene e beleza em casa  e até ensaios fotográficos. As demandas do setor contribuíram, ainda, para o surgimento de novas profissões como pet-sitter, babá responsável pelos cuidados com o pet, e dogwalker, que tem a atribuição de levar o bichinho para passear.

Na avaliação de Walmar Magalhães, seria interessante que os novos empreendedores de Montes Claros optassem por soluções cada vez mais diferenciadas. “Quando falamos em negócios, independente do ramo, é necessário uma compreensão sobre quanto tempo posso me manter, prosperar e ser exitoso naquela atividade econômica. Não adianta eu abrir uma loja para fazer a mesma coisa do concorrente, pois a possibilidade de prosperar está diretamente ligada à capacidade de inovação”, pontua.

Para ele, o principal gargalo para a continuidade da expansão é a falta de mão de obra especializada. “Quem entrega o pet para um serviço, independente de qual seja o ramo, está preocupado com o bem-estar dele, então busca por um profissional especializado. A oferta desta mão de obra não tem acompanhado o crescimento do setor, por isso, é preciso qualificar novos profissionais”.

O especialista aponta que a realização de cursos profissionalizantes na área é uma das demandas do mercado pet que pode ser aproveitada. “Existe toda uma cadeia que foi criada e que está em plena expansão, apresentando cada vez mais novas oportunidades de negócio”.

**Escrita pelo repórter Ricardo Arruda