A posse de bens e serviços das famílias de Montes Claros foi o tema abordado na pesquisa desenvolvida para a tese de doutorado do economista e professor universitário Pedro Santiago do Amparo. Desta forma, foi possível identificar a parcela do público que possui casa própria, veículo e assistência médica particular. Os resultados ofereceram uma média geral do município e, também, dados estratificados para cada região analisada.
A partir do levantamento destas informações e do cruzamento com os dados fornecidos nas etapas anteriores da pesquisa, é possível compreender melhor o poder de compra destas famílias, conforme explica Pedro Santiago. “Os três itens abordados interferem diretamente na vida do consumidor. Quando analisamos a questão da moradia, por exemplo, podemos identificar uma região que apresenta renda mais baixa e alto percentual de casas próprias, o que revela que aqueles moradores têm um poder de consumo maior do que se imaginava a princípio, pois não há comprometimento com aluguel”, explica.
Para a realização da pesquisa, foram considerados os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Plano Diretor Municipal e outras bases de informações. A cidade foi segmentada em dez regiões, conforme o limite geográfico e a presença de bairros que polarizam o consumo. O professor Pedro Santiago foi a campo entre os dias 03 de outubro e 20 de novembro do ano passado, quando entrevistou 2.466 famílias montes-clarenses. Os entrevistados tinham idade a partir de 15 anos.
O universo da pesquisa foi a população residente na sede do município, estimada em 409.341 habitantes pelo IBGE. A partir deste número, o professor identificou a presença de, aproximadamente, 160 mil famílias. Deste total, 69% possuem casa própria; 27% pagam aluguel; e 4% moram em imóveis cedidos ou emprestados por terceiros.
Na análise estratificada, é observado que três regiões possuem percentual de imóveis alugados acima da média geral da cidade. A região Norte – que engloba a extensão do bairro Planalto ao JK – possui o maior índice: 35%. Em seguida estão as regiões do Vila Guilhermina e adjacências (32%) e as regiões do bairro Panorama e bairros do entorno (31%).
“Isto pode ser explicado pela própria demanda por imóveis nestas áreas, como estudantes que vêm de fora e querem morar nas proximidades com as faculdades”, avalia Santiago. As facilidades para a locomoção e o acesso a serviços também são apontadas como atrativos. “Existe esta procura e, por isso, é comum proprietários colocarem os imóveis localizados nestas áreas para alugar, como uma forma de geração de renda”, explica o professor. Ele destaca, ainda, que estas regiões receberam empreendimentos imobiliários recentemente. “Muitas destas novas unidades também foram direcionadas para locação”.
**Escrita pelo repórter Ricardo Arruda.