Empreender não é tarefa fácil. Segundo dados do Sebrae, de cada quatro empresas abertas no país em 2018, uma fechou as portas. E para evitar que isso aconteça é sempre bom poder ter uma mão amiga, um bom conselho e uma relação de afeto e confiança para auxiliar na abertura e condução de um negócio. Na semana em que se comemora o Dia dos Pais, o jovem empreendedor Daniel Fernandes, de 25 anos, e o pai dele, Ademar Fernandes dos Anjos, 60, contam como a parceria entre pai e filho pode render bons resultados.
O pai, Ademar, mora em Jaíba, cidade que fica a 200 quilômetros de Montes Claros, onde o filho montou o seu empreendimento, a Energymoc, microempresa da área de segurança eletrônica. A distância, no entanto, não impede a dupla de trocar ideias com frequência, principalmente, na hora de tomar uma decisão importante sobre a gestão do negócio.
”Tudo que sou como homem e como empreendedor devo ao meu pai. Desde criança, fomos muito amigos e cresci vendo e aprendendo a trabalhar com ele. Não entendia nada da área elétrica, mas foi atuando com meu pai que aprendi a gostar e buscar a formação superior nesse ramo”, conta Daniel. Ele também procurou o apoio do Sebrae Minas para aprimorar o negócio.
O empreendedor deixou Jaíba para estudar em Montes Claros, onde concluiu o curso de Engenharia Elétrica. Depois de trabalhar algum tempo como autônomo, decidiu abrir seu próprio negócio. Foi aí que, com o apoio e o incentivo do pai Ademar nasceu a Energymoc, situada no Bairro Planalto, na região Norte da cidade. O pai repassa para o filho a sua experiência, pois ele também tem uma loja do mesmo ramo em Jaíba, onde Daniel já trabalhou.
O jovem destaca que hoje decide e comanda a empresa, mas o suporte recebido do pai é fundamental para gerir bem o negócio. “Tenho a consciência de que os conselhos dele, junto com a força, o apoio psicológico, afetivo e, até mesmo, o financeiro, me dão confiança para seguir em frente. Nós moramos e trabalhamos separados, mas decidimos tudo com a aprovação um do outro, é uma troca diária”, revela o microempresário, que conta ainda com o apoio das irmãs Ana Cláudia, 22 anos, e Alice Santos, 19.
Exemplo e legado
“Em tudo que envolve negócios, é preciso ter confiança e ninguém merece mais a minha confiança que o Daniel. Nossa relação vai além de pai e filho, somos amigos. Discutimos tudo e nenhum é superior ao outro, nossa relação é de igual pra igual. Já passei muitos ensinamentos para ele, mas hoje, o Daniel tem formação superior e conhecimento técnico. Ele é quem me ensina. O que tento ensinar agora é mais a questão da experiência e da vivência na hora de fechar um negócio”, ressalta Ademar Fernandes.
O morador de Jaíba diz sentir orgulho da formação superior do filho e do fato de Daniel ter seguido na mesma área e, hoje, ser um empreendedor. “Eu cresci muito como pessoa após o nascimento do Daniel. Aprendi a ter mais responsabilidade. Então, vê-lo hoje seguindo seu próprio caminho e empreendendo dentro dos princípios que eu procurei passar para ele me deixa muito feliz. Posso dizer que sou um pai realizado por ver meu filho formado administrando seu próprio negócio. Esse é o legado que quero deixar para ele”, ressalta.
Importância da capacitação
Para colocar em prática tudo que aprendeu com o pai e também na faculdade, Daniel contou com apoio e capacitação do Sebrae Minas. “Quando trabalhava como meu pai eu não me preocupava com questões de gestão e mercado, porque sabia que ele resolvia esse lado, mas, a partir do momento que decidi abrir meu negócio, eu precisava me capacitar. Junto com minha irmã procuramos o Sebrae e fizemos o plano de negócio, seguimos à risca as orientações. Tivemos acompanhamento e, com isso, nosso negócio está indo bem”, conclui.
Para o consultor financeiro do Sebrae Minas Eric Darioli, a boa relação entre pai e filho pode ser um diferencial para o sucesso do empreendimento. “Poder contar com o apoio do pai, que já empreende, é muito importante tanto na parte emocional quanto técnica. Mostrar os caminhos que ele seguiu, onde errou, onde acertou, sendo uma espécie de mentor com experiência, direciona as tomadas de decisões. Mas, vale lembrar que o jovem empreendedor também precisar ser criativo e não criar dependência do pai. Uma dica é se capacitar sempre e acompanhar as novas tendências do mercado”, explica.
Fonte: Cida Santana, Sebrae Minas