Minas Gerais é o segundo estado da região Sudeste com maior quantidade de leite humano doado em 2019

Foto: Divulgação / Internet

Durante pelo menos os próximos quatro meses, a médica obstetra Krisley Cristiane de Castro, de 33 anos, pretende fazer parte das estatísticas de doadoras de leite humano em Minas Gerais. Mãe há cinco anos, ela já havia doado após a primeira gestação. Com o nascimento da segunda filha, Maria Flor, há cerca de dois meses, a médica voltou a ser doadora.

Ela é uma das mais de três mil e duzentas mulheres que forneceram o alimento materno no estado até abril de 2019, segundo dados da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH), ligada à Fiocruz.

Krisley de Castro conta que pretende continuar doando durante pelo menos o período de licença-maternidade. Para a médica obstetra, uma pequena parte do dia reservada para colhimento por quem pode doar, é o suficiente para salvar muitas vidas.

“Eu pretendo até pelo menos seis meses, que é o período que estou em casa de licença-maternidade, continuar tirando. E, se possível, depois que eu começar a trabalhar também. Às vezes, é inevitável reduzir o volume, mas pretendo doar o quanto for possível. Se uma mãe tirar no seu dia 10 minutos para extração manual, já vai conseguir tirar uma quantidade muito importante de leite materno  para essas crianças.”

Campanha Nacional

Anualmente, no Brasil, 330 mil crianças nascem prematuras ou com baixo peso – ou seja, com menos de dois quilos e meio. Muitas delas não podem ser amamentadas pelas próprias mães e precisam de doações de leite humano para se desenvolver com saúde.

O Ministério da Saúde, em parceria com a rede, lançou, na última semana, a Campanha Nacional de Doação de Leite Materno. Com o slogan “Doe Leite Materno, alimente a vida”, a campanha de doação visa sensibilizar as gestantes e as mulheres que amamentam a fazerem doações durante todo o ano. A meta do governo é aumentar em 15% o volume de leite materno coletado em todo o país.

Ainda segundo dados da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, de janeiro a abril de 2019, mais de dois mil bebês receberam doações, em Minas. O número só é menor do que o de São Paulo na região Sudeste – foram mais de 14 mil no estado paulista.

Um dado do ministério resume a importância da doação. Segundo a pasta, dependendo do peso do prematuro, 1ml  já é o suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado. Um pote de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia.

Para ser doadora, a mulher não pode ser fumante, precisa ter uma boa alimentação, apresentar bons resultados nos exames de pré-natal e não estar tomando medicamento incompatível com a amamentação e a doação. Se estiver tudo certo, os funcionários de qualquer Banco de Leite Humano fazem o cadastro da mãe e entregam todo o material necessário para a coleta, como luvas, toca e máscara.

O recolhimento em casa requer alguns cuidados de higiene da mãe, como explica a coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, Cíntia Ribeiro Santos.

“Orientamos que a mulher tenha um cuidado, uma higiene sempre rigorosa. Faça a higienização das mãos, prenda o cabelo, coloque uma toca, coloque uma máscara, passe uma água na mama antes de começar a fazer a extração manual do leite. É importante identificar esse frasco colocando a data, o horário da extração e colocar no congelador.”

Referência Regional

Na região Norte de Minas, o Hospital Aroldo Tourinho em Montes Claros, é o único que possui um banco de leite humano que atende hospitais de toda a região. Reconhecido pela rede Fiocruz, com nota máxima no quesito qualidade, o banco de leite do Aroldo, ainda conta com outros pontos de coleta distribuídos no município e nas cidades de Diamantina e Pirapora.

No ano passado o banco que disponibiliza 100% do leite para doação, registrou uma média de 13 mães doadoras e neste ano já estão com uma média de 16, além das doações que são realizadas pelos postos de coleta.

Para as mamães que tiverem interesse em doar o leite materno, podem entrar em contato com o hospital Aroldo Tourinho pelo telefone: (38) 2101-4062.

Em Minas, o banco de leite humano referência é o da Maternidade Odete Valadares, em Belo Horizonte. O telefone de contato é o (31) 3337-5768.

**Com informações da Agência do Rádio