A família do bebê, de oito meses de idade, que morreu na tarde dessa quarta-feira (24) com suspeita de dengue hemorrágica em Montes Claros, no Norte de Minas, alega que houve negligência nos atendimentos prestados pelo Hospital Universitário Clemente de Faria. O óbito da criança foi confirmado, em nota, na manhã dessa quinta-feira (25) pela assessoria do hospital.
Em conversa ao Portal WebTerra, o pai do bebê, Hamilton Lopes, de 37 anos, explicou que no momento em que deram entrada no hospital, na noite de terça-feira (23), receberam como resposta que a criança só seria atendida caso estivesse apresentando 40º graus de febre.
“Nós entendemos que foi uma fatalidade o que aconteceu com o nosso filho. Mas a minha esposa é enfermeira e sabe como é o procedimento nesses casos e nós percebemos que os profissionais, que estavam no momento, não estavam demonstrando preocupação com a saúde do meu bebê”, conta Hamilton Lopes.
Ainda de acordo com o pai, a criança chegou a ser levada duas vezes ao hospital e na segunda ida, já apresentando o estado mais grave e com choque hipovolêmico, o atendimento demorou mais de duas horas para ser realizado. “A primeira vez que fomos ao hospital classificaram o atendimento na cor verde. Já no dia seguinte percebemos a piora e levamos ele novamente, e dessa vez classificaram com a cor laranja. Ele deveria ser atendido com prioridade, mas nós ficamos mais de duas horas aguardando o atendimento. Nós pedíamos os profissionais para ajudar o nosso filho mas nada foi feito”, relata Hamilton.
Em nota o hospital HUCF informou que lamenta a morte da criança mas ressaltou que foram adotados todos os cuidados estabelecidos pelos protocolos médicos, inclusive com a realização de todos os exames clínicos e laboratoriais, sem registro de quaisquer falhas.
A instituição ainda destaca que a dengue pode evoluir de forma grave e súbita, principalmente, em crianças menores de 02 anos. O caso já foi comunicado às Secretarias de Estado da Saúde e Municipal de Saúde e segundo o hospital, os exames para a confirmação ou negativa da doença, já foram encaminhados à Fundação Ezequiel Dias (Funed) e os resultados definitivos ficarão prontos no prazo de 30 dias.
O bebê, Hamilton Manoel, morava com a família em São João da Ponte (MG) e foi enterrado nessa quinta-feira (25) e segundo o pai, o local onde eles moram o índice de pessoas com a doença é alto.
“Os meus outros dois filhos maiores também tiveram os sintomas da dengue. Onde a gente mora tem um grande índice de pessoas com a doença. Nós não queremos entrar com processo contra o hospital, isso não é do feitio da minha família, mas queremos sensibilizar os profissionais da área da saúde para terem mais compaixão, zelo e preocupação na hora de exercer a função, que é salvar vidas. Queria muito que os atendimentos na triagem, por exemplo, fossem mais humanizados. Somos uma família cristã e temos certeza que o meu filho está num lugar melhor e que um dia iremos nos encontrar novamente”, diz.
Até a publicação desta matéria, o Portal WebTerra não conseguiu contato com a Prefeitura de São João da Ponte para verificar quais as medidas estão sendo tomadas na cidade para controle da doença.
Casos de dengue em Montes Claros
De acordo com a Prefeitura de Montes Claros em 2019, até está quarta-feira (24), 1.620 casos de suspeita de dengue foram notificados, sendo 189 confirmados e 273 deram negativo para a doença. O levantamento ainda destaca que para a Chikungunya, 17 casos foram notificados, na qual quatro deram negativos e nenhum confirmado.
O Hospital da Unimontes ainda alerta e orienta a população para os cuidados para evitar a doença. Depósitos de água, pratinhos de plantas, bandejas de geladeira, de umidificador, ar condicionado e filtros d’água; além de garrafas retornáveis e lixo, são alguns dos mais frequentes focos do mosquito Aedes aegypti encontrados pelos agentes de endemias em residências.
Por: Denise Jorge