Já são nove dias de paralisação, os impactos já foram sentidos e, a falta de combustível, é o principal deles. Mas, algumas pessoas têm aderido aos novos hábitos, como uma maneira de protesto e apoio ao movimento.
Alguns a pé, outros de bicicleta, cada um fazendo um protesto particular. O advogado, Cristiano Otoni, tem ido ao trabalho de bicicleta.
“Desde segunda-feira eu parei meu carro e eu e minha esposa estamos andando de bicicleta. Eu levo minha filha a pé para a escola e vou de bicicleta para o meu serviço e faço tudo que preciso com ela. São seis quilômetros para ir e vir”, relata o advogado.
Ir ao serviço de bicicleta não era um hábito de Cristiano, até que a paralisação dos caminhoneiros chegou e muitos costumes mudaram.
“É uma maneira de apoiar o movimento dos caminhoneiros. Eu acho que é uma hipocrisia lutarmos para abaixar o preço e depois pegar uma fila de posto e pagar o dobro do preço. Minha maneira de protestar é dessa maneira, eu só volto a abastecer meu carro quando acabar o movimento dos caminhoneiros. É uma maneira de apoiar o movimento”, explica Cristiano.
O advogado diz, ainda, que se a população não abastecesse os carros, os postos seriam obrigados a abaixar o preço do combustível. Além disso, a classe dele tem apoiado a iniciativa.
“Muitos advogados apoiam a ideia e estão abarcando nessa mudança, muitos estão trabalhando a pé ou de bicicleta, parando o veículo e buscando outra alternativa para não compactuar com essa situação do Brasil”, conta.
Para uma pessoa que não ia até a padaria a pé, hoje, Cristiano pensa em adotar definitivamente o costume.
“Já está me trazendo benefícios, já emagreci dois quilos, tem um benefício muito bom para minha saúde, estou pensando em até adotar o costume. Mas, o objetivo principal é apoiar o movimento dos caminhoneiros”, diz.
O também advogado, Marcos Madureira, é outro exemplo de mudanças de rotina. Como Cristiano disse, ele que faz parte da mesma classe, também tem adotado em apoio.
“Meu serviço fica a 40 minutos da minha casa e eu estou indo trabalhar a pé porque é a maneira que eu tenho de protestar e apoiar ao movimento dos caminhoneiros. Temos que nos unir cada vez mais para que, de alguma forma, possamos melhorar nosso governo, que estamos vendo que está de mãos atadas”, explica Marcos.
Os dois carros de Marcos estão parados na garagem, com uma quantidade de gasolina considerável, mas, a previsão é que ele não abasteça.
“Eu só vou usar caso aconteça de meus filhos adoecerem e seja necessário. Mas, fora isso, eu estou andando apenas a pé. Meus dois filhos não estão indo a escola, eu avisei à direção, e acaba que é uma forma de protestar também”, conta.
Morando perto ou longe do serviço, a distância não tem sido empecilho para cooperar. A dentista, Cristina Lopes, é um exemplo disso. Morando no Funcionários, ela trabalha na Rua João Pinheiro, no Centro de Montes Claros.
“Eu estou desde sábado indo para a clínica a pé, levo cerca de 20 minutos. Eu apoio o movimento dos caminhoneiros, porque precisa ter uma mudança nos impostos, é um valor que pesa para todos nós e é um protesto válido”, afirma.
O carro de Cristina também está parado na garagem, com combustível. Os filhos que estudam no Marista ainda estão indo para a escola.
“A escola é longe e eu ainda levei de carro, mas eu não vou mandar eles mais para a escola. Mas, para fazer outras coisas, como ir a academia eu estou indo a pé e até prefiro, mesmo andando de bicicleta e fazendo “mountain bike”. Eu não tinha hábito de andar a pé e desenvolvi em função do movimento e estou gostando”, conta.
Segundo Cristina, é necessário que o governo sinta diferença com as pequenas atitudes do povo.