Diante das constantes negativas do senador Antonio Anastásia ao apelo dos colegas para disputar o governo de Minas, o PSDB de Minas Gerais tem um plano B para o ex-governador. Considerado um trunfo eleitoral para potencializar o resultado do partido no estado, ele também está sendo cogitado como possível vice-presidente na chapa do governador Geraldo Alckmin na sucessão do Palácio do Planalto. A ideia, segundo aliados do tucano, parece ter mais aceitação do principal interessado. Anastasia e Alckmin se encontram amanhã, quando o presidenciável visita Belo Horizonte para uma reunião com empresários.
A rejeição por voltar a disputar o governo mineiro não ocorre quando o assunto é a vice-presidência. Em dezembro do ano passado, Anastásia admitiu a hipótese em entrevista. “É uma matéria que podemos discutir”, disse à época. Nos bastidores, o ex-governador mineiro tem dito a amigos que pode aceitar a missão de concorrer como vice. O senador está nos primeiros quatro anos de mandato no cargo atual e tem mais quatro pela frente sem precisar abir mão da vaga para participar da disputa.
O presidente do PSDB mineiro, deputado federal Domingos Sávio, admitiu a possibilidade de Anastásia compor a chapa presidencial, caso não aceite mesmo disputar o governo de Minas. “É uma alternativa para nós. Esta eleição equivale a uma final de Copa do Mundo e você não vai deixar o titular no banco, só se houvesse um impedimento real. Deixar o Anastásia de fora é a mesma coisa que deixar o Neymar de fora”, disse. O dirigente, porém, afirma que a prioridade no momento é insistir para que Anastasia concorra ao Palácio da Liberdade.
Para o PSDB, Anastásia é visto como o único nome capaz de unir de novo o grupo político dele e do senador Aécio Neves. Apesar dos apelos, porém, ele trabalha para emplacar a candidatura do deputado federal Rodrigo Pacheco (MDB), que está de malas prontas para se filiar ao DEM. Em entrevista ao Estado de Minas, na quarta-feira, Anastásia reafirmou que não vai concorrer ao cargo de governador e disse que sua decisão é definitiva.
Domingos Sávio fez apelos públicos para Anastásia concorrer ao governo e ainda não desistiu. “É um direito dele negar, mas é nosso dever continuar insistindo”. Alckmin também afirmou que o senador é o candidato natural ao governo, mas ressaltou que não vai causar constrangimento ao mineiro. Nos bastidores, porém, o governador tucano e a cúpula do partido também pressionam Anastasia por considerar que sua candidatura ao Palácio daria um palanque mais forte ao presidenciável em Minas.
Em reunião na segunda-feira, as bancadas federal e estadual mineiras reafirmaram o desejo de candidatura própria do PSDB em Minas. A legenda colocou como meta reforçar as candidaturas na eleição para a Assembleia e Câmara dos Deputados. O partido quer ter um cenário mais definido ainda em março.
Sem a candidatura de Anastásia ao governo, o PSDB mineiro não tem consenso. Além do grupo simpático à candidatura de Rodrigo Pacheco, parte das lideranças defende a união com o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) e parte prefere o ex-presidente da Assembleia Dinis Pinheiro. Diante da falta de consenso, o secretário do PSDB, deputado João Vítor Xavier, já propôs que a legenda faça prévias para decidir que rumo tomar nas eleições.