As cerca de 100 famílias que invadiram a Fazenda Bom Jesus, nesta quarta-feira (18), deixam o local, nesta tarde, depois de realizar acordo, mediado pela Polícia Militar. O horário previsto era às 15h30 e está sendo cumprido. A polícia articulou dois ônibus e um caminhão para transportar os utensílios e as pessoas que estavam na área, que segundo os integrantes do Movimento dos Sem-Terra, pertencem ao Estado.
Em nota, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), empresa pública constituída na forma de Sociedade Anônima e controlada pelo Estado de Minas Gerais, informa que “possui terreno em Montes Claros destinado à implantação de área industrial e está verificando se há situação de invasão dentro de sua propriedade. No momento, a Empresa está apurando a ocorrência, para eventualmente avaliar as medidas cabíveis”.
Um grupo de produtores rurais foi ao Povoado de Toledo, local da invasão, para tentar evitar novas ações do MST. Eles interditaram a via com tratores e caminhões e pedem paz.
“Precisamos ter paz para produzir. Está cada dia mais complicado. Temos fazendas nesta região, já vivenciamos crimes horríveis na região. Agora não podemos ficar tão inertes a este fato. Queremos que o direito a propriedade seja respeitado. Exigimos paz para trabalhar. São centenas de famílias que precisam do trabalho que ofertamos”, diz um fazendeiro.
O dia foi de tensão no local. Houve, além do bloqueio da LMG 657, queima da bandeira do MST, palavras de ordem, mas a Polícia esteve presente e manteve a segurança com profissionais especializados, viaturas e helicóptero.
Uma nota divulgada pela assessoria de Comunicação do Movimento indica que “grande parte das famílias da nova ocupação pertencia ao acampamento Alvimar Ribeiro, município de Francisco Sá. Elas reivindicam uma área segura para morar e produzir, já que o acampamento anterior estava com despejo marcado para o dia 22 de abril deste ano. O MST reafirma que a saída para os conflitos no campo é a reforma agrária.
Ainda conforme a assessoria de imprensa do MST, “o movimento exige que o Estado controle a violência crescente do latifúndio na região e impeça que mais ataques aconteçam. No último ano, os Sem Terra sofreram dois atentados no Norte de Minas”.
A polícia seguirá as famílias até a cidade de Capitão Enéas, onde devem permanecer.
Vizinho da propriedade invadida, o senhor João Santos, garante que as terras são produtivas.
“Moro aqui numa vida. Eu moro com a minha esposa. Tenho 77 anos e minha mulher 74. É uma vida aqui e agora esse “trem” diferente aqui. A gente vê falando em São Paulo, na televisão, mas aqui? Sou a favor de quem trabalha de quem produz. Estamos com medo. A terra é produtiva. Ficamos com medo, daqui a pouco vai invadir outras fazendas.