Alpheu de Quadros atende cerca de 100 casos de conjuntivite por dia

O Estado de Minas Gerais vive um surto de conjuntivite, somente em Várzea da Palma, foram registrados 232 casos neste mês de março e em Montes Claros, o Hospital Doutor Alpheu Gonçalves de Quadros está atendendo em média, 100 pacientes por dia com suspeita da doença.

Até o momento, o setor de epidemiologia da Secretária Municipal de Saúde de Montes Claros registrou 66 notificações de casos de conjuntivite, mas o número pode ser ainda maior.

“Nós temos as subnotificações, que é quando o paciente está com os sintomas, mas não procura o serviço médico, não faz a notificação oficial e muitas vezes tenta o tratamento em casa com algum colírio, o que não é correto. Em casos de subnotificações não conseguimos nem calcular, mas de fato estamos tendo um surto, que é um aumento natural devido à época do calor e do surto que o Estado e outros estão enfrentando”, pontua a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Maria Clara Ramos.

A diretora administrativa do hospital, Socorro Carvalho, explicou ao Webterra, que o alto número de procura na unidade pode resultar em lotação e é importante que a população procure A Estratégia Saúde da Família (ESF) mais próxima.

“Nós estamos enfrentando um verdadeiro surto, houve um aumento muito grande, principalmente nesta semana, onde passamos a atender em média 100 pessoas com suspeita da doença. Quando chegam a unidade, rapidamente passam pela triagem e o atendimento médico, mas a conjuntivite é uma patologia que também pode ser atendido no ESF e é importante que as pessoas procurem o Centro de Saúde. Não tem como passar um perfil dos pacientes porque atinge a todos, muitas vezes atendemos toda uma família”, afirma a diretora.

A grande maioria dos casos em Montes Claros, foi registrado no Presídio Regional de Montes Claros, com 31 notificações, seguido do bairro Vila Oliveira, com 15 casos, Vila Mauriceia, com sete e Vila Telma, com cinco casos.

De acordo com a Vigilância Epidemiológica, o município tem acompanhado de perto os casos, mesmo em zonas rurais.

“Nós estamos com todas as unidades atendendo e orientando a população e em casos de surtos em algum local específico nós acompanhamos de perto, vamos ao local conversar com as pessoas e procuramos soluções, mas o principal é o atendimento médico e todos os ESFS estão atendendo, assim como o Alpheu de Quadros, que funciona durante 24 horas”, pontua a coordenadora Maria Clara Ramos.

Minas

Em Várzea da Palma, foram notificados 232 casos de conjuntivite. Segundo a Assessoria de Comunicação, atitudes foram tomadas para combater ao surto.

“Disponibilidade do médico para atendimento com horário e local específico a população que apresenta sintomas de conjuntivite, iniciado no dia 13 de março de 2018. Mobilização entre as redes sociais para esclarecimento de toda a população conforme anexo. Divulgação de informativo em rádio e carro de som esclarecendo os cuidados a serem tomados durante esse período e a disponibilidade de um profissional específico bem como o local de atendimento.  Visita técnica da vigilância epidemiológica a todas as unidades de atendimento do município, esclarecendo os cuidados técnicos para os profissionais de saúde, e entrega do Informe Técnico para Profissional de Saúde sobre surto de conjuntivite da Gerência Regional de Saúde”, informa.

Divinópolis também registrou um aumento nos casos da doença. Em 2018, pelo menos 25 surtos de conjuntivite, foram registrados. O número representa mais da metade dos surtos notificados em Minas Gerais para a Secretaria de Estado de Saúde (SES) entre janeiro e 6 de março. Nos três primeiros meses do ano, houve 48 casos notificados.

Casos

Em nota, a Superintendência Regional de Saúde informou que “dos 53 municípios que compõem a área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde, somente Montes Claros encaminhou notificação sobre a ocorrência de surto de conjuntivite”.

O assunto viralizou e preocupa a população, já que a transmissão ocorre facilmente de pessoa para pessoa e dura em média de 7 a 15 dias. Por ser de fácil transmissão rapidamente a conjuntivite se espalha e empresas tem tido uma redução no número de trabalhadores que precisam ficar afastados das atividades por 7 dias, assim como escolas, que estão tendo um cuidado redobrado.

“Nós temos alunos com a doença, mas como o posto de saúde fica próximo sempre recomendamos que eles procurem o médico. Assim que notamos os primeiros casos, nós fomos de sala em sala, explicando sobre a doença e pedindo que em qualquer sintoma, as crianças avisem os pais, vão ao médico e não frequentem as aulas para que outras pessoas não possam ser contaminadas. Além disso, redobramos o cuidado com a higienização e usamos o álcool em gel que já é uma recomendação para esta época de calor”, afirma o vice-diretor da Escola Estadual Professora Marilda de Oliveira, de Nova Esperança, Jarbas Silva.

Maria Rosilene de Oliveira Abreu, trabalha em uma padaria em Montes Claros e sabe bem a importância de cuidados com a doença. Somente na família dela, 11 pessoas estão com conjuntivite.

“Na minha casa tem o meu marido e a minha filha, mas a minha mãe veio da roça por conta da doença, tenho uma tia, um tio e o filho, nora e neta deles e ainda minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho, é um verdadeiro surto, preocupante”, diz.

Maria Rosilene, confessa que a família compartilha o colírio e que nem todos, procuraram atendimento médico.

“Na minha casa a minha filha assim que passou mal, que foi no domingo, eu já a levei ao médico porque é uma criança de apenas 3 anos e pode ficar sequelas, mas dos outros só a minha irmã foi porque ela trabalha e não tinha condição alguma de ir ao serviço, mas quem não foi também está usando o colírio que os médicos receitaram para elas”, afirma.

Orientação médica

O médico oftalmologista, Og Vilela Júnior, tem atendido um maior número de pacientes com a doença e segundo ele, uma das maiores preocupações é a automedicação que pode levar a piora do caso.

“É uma preocupação grande, a imensa maioria vai usar o mesmo colírio, mas tem estágios da doença que não se pode usar o mesmo colírio em uma pessoa e outra, para um que foi bom, para outro pode não ser. A automedicação é muito perigosa e muitas vezes as pessoas usam o mesmo fraco que já está contaminado e acabam transmitindo a doença, invés de ajudar. Além disso, temos muitas pessoas que na zona rural que pinga água com açúcar, com limão e outras coisas que é mais perigoso ainda”, pontua.

Os principais sintomas da conjuntivite são olhos avermelhados e lacrimejantes, pálpebras inchadas e avermelhadas, secreção esbranquiçada e sensação de areia nos olhos. Ao sentir qualquer desses itens é preciso que a pessoa procure por ajuda médica para evitar maiores danos.

“A principal coisa é procurar um médico, um oftalmologista, tem algumas outras doenças que também deixam o olho vermelho, agora temos o surto de conjuntivite, na sua maioria a viral que é comum no verão por uso de piscina, é importante evitar lugares com muita gente e lavar sempre as mãos. Alguns tipos de conjuntivite deixam baixa de visão após a doença imensa maioria deles melhora sozinho, algumas pessoas ficam com uma cicatriz no olho e tem gente que fica com baixa visão por anos, neste surto que estamos tendo, ainda não me deparei com um caso desses, mas ainda não deu, as sequelas veremos mais à frente”, esclarece o oftalmologista.

O médico ressalta ainda a importância de cuidados básicos com pessoas que estão infectadas.

“A contaminação é direta, que ocorre quando uma pessoa que coça o olho com secreção contaminada, cumprimenta outra pessoa ou coloca a mão na maçaneta e outra coloca em seguida e leva as mãos aos olhos, por isso é importante lavar bem as mãos constantemente com água, sabão, álcool e se tiver alguém contaminado em casa é preciso deixar as coisas dela separadas, os copos, talheres, toalha de rosto, fronha, travesseiro, tudo só para ela, tudo isso pode transmitir”, pontua.

Confira outras 15 dicas de prevenção contra a conjuntivite:

– Nunca compartilhe itens pessoais como maquiagem, travesseiros, óculos e toalhas de mão e rosto;

– Cubra o nariz e a boca quando tossir ou espirrar e evite esfregar ou tocar os olhos;

– Nunca compartilhe suas lentes de contato com outra pessoa e interrompa o uso caso apresente sintomas da conjuntivite;

– Lave as mãos frequentemente, especialmente quando passar tempo na escola ou em outros lugares públicos;

– Mantenha acessível um desinfetante manual como o álcool gel e use-o com frequência;

– Limpe sempre as superfícies com um antisséptico apropriado;

– Se você sabe que sofre alergias sazonais, pergunte ao seu médico o que pode ser feito para minimizar seus sintomas;

– Ao nadar, use óculos de natação para se proteger de bactérias e outros microrganismos presentes na água;

– Ande sempre com lenços de papel para secar ou limpar os olhos e jogue-os fora após o uso. Não guarde os lenços contaminados no bolso para reutilização;

– Não use lentes de contato ou maquiagem na região dos olhos enquanto eles ainda estiverem vermelhos ou irritados;

– Separe sua toalha de rosto e travesseiro, de preferência troque a fronha e a toalha todos os dias;

– Use apenas o medicamento indicado pelo seu médico e lave os olhos com água filtrada ou tratada;

-Faça compressas frias várias vezes por dia e lave o rosto e os olhos com água gelada sempre que possível;

– Em caso de baixa de visão, procure novamente seu oftalmologista;

– Evite a reinfecção não utilizando novamente a maquiagem ou lentes de contato que possa ter usado no período que estava doente