Apenas nos três primeiros meses do ano foram registrados 104 casos de sífilis adquirida e 34 de tuberculose em Montes Claros. Os dados são do setor de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde e acendem um sinal de alerta.
Em 2017 os casos de sífilis cresceram 14,5% em relação a 2016. Foram 263 casos registrados, já a tuberculose apresentou crescimento de 83,9% na comparação com o ano anterior, com 110 pessoas contaminadas. O mês de março foram contabilizados 34 casos a doença que é conhecida como ‘peste cinzenta’, uma das enfermidades mais antigas da história.
Tuberculose
A doença é de origem da bactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que causa infecção nos ossos, rins, cérebro, pele e inclusive coluna vertebral. A doença é altamente contagiosa e se caracteriza por uma forte tosse, febre e dores no tórax.
A infectologista, Cláudia Biscotto, explica que o possível surto é devido às condições sanitárias da população, em que grande parte não faz a higienização adequada. Pessoas com imunidade baixa, desnutrição ou que tenham problemas com tabagismo e alcoolismo são mais propícios a contrair a doença. É importante diferenciar uma tosse comum da tuberculose. No geral as duas são parecidas, o que difere é que a tosse da tuberculose dura em média três semanas.
“A tuberculose é transmitida através da inalação da bactéria tuberculosis, na qual a pessoa que é portadora da doença expele a contaminação ao tossir, espirrar ou falar. Não precisa ser um contato muito próximo nem prolongado. O tratamento é feito com quatro drogas diferentes, durante um período mínimo de seis meses, mesmo se o paciente apresentar melhora”, pontua.
Sífilis
A sífilis adquirida é transmitida através da relação sexual sem camisinha. O município registrou, neste ano, 104 pessoas contaminadas, uma média de dois casos por dia. No ano passado foram 263 registros, já em 2016, 143. As estatísticas apontam que se o cenário continuar o mesmo até o final do ano, Montes Claros terá 440 pessoas contaminadas por sífilis.
Segundo a especialista, este número elevado é porque as pessoas perderam o medo de contrair doenças sexualmente transmissíveis por conta do avanço dos tratamentos. A doença também pode ser passada da mãe para o bebê.
“Se não tratar, a doença avança para fases tardias com complicações graves neurológicas e cardiológicas. As gestantes que não fizerem o tratamento correto transmitirão para o bebê, e como consequência, a criança nasce com sífilis congênita com uma série de sequelas, como meningite, cegueira e até óbito”, finaliza a infectologista, Cláudia Biscotto.
Grappa
O Grupo de Apoio à Prevenção e aos Portadores da Aids – Grappa começará no dia 15 de abril uma série de palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis, inclusive sobre a Sífilis.
“O surto não está apenas em Montes Claros e sim no país inteiro. Em nossas palestras já falamos sobre a doença, mas com esse aumento de caso vamos reforçar e começar uma série de visitas as escolas para falar apenas sobre a sífilis”, conta Célia Rosa, presidente do Grappa.