A 30ª edição da CASACOR Minas Gerais encontrou seu cenário ideal no antigo Instituto Metodista Izabela Hendrix — uma construção de 1941, projetada por Raffaello Berti, que hoje abriga a Faculdade de Arquitetura da PUC Minas. O edifício em estilo Art Déco, com suas linhas sóbrias e presença marcante, empresta à mostra um diálogo intenso entre passado e futuro, memória e inovação.
Mas o que mais chama atenção nesta edição não é apenas a arquitetura do prédio histórico, e sim a maneira como os ambientes foram concebidos. Este ano, a CASACOR Minas traz propostas acolhedoras, calorosas, que se distanciam da frieza que em alguns momentos já marcou edições passadas. Nota-se o uso mais ousado das cores, a diversidade de texturas, o cuidado em criar atmosferas que convidam à permanência. O mobiliário, muitas vezes com design assinado, reforça esse compromisso com a identidade e a originalidade.
Na minha percepção, fruto de mais de 20 anos de experiência profissional, a arquitetura que realmente se sustenta é aquela que traz o DNA do cliente. De nada adianta um espaço fotografado se ele não traduz os sonhos e expectativas de quem vai vivê-lo. Cada pessoa tem sua própria história, e cada projeto precisa refletir essa singularidade. Esse, para mim, é o verdadeiro desafio do arquiteto: alinhar técnica e sensibilidade, dominar os materiais, conhecer profundamente os recursos tecnológicos disponíveis e, ao mesmo tempo, ouvir com atenção o que o cliente deseja.
Quando conseguimos equilibrar esses elementos — técnica, estética e identidade —, os ambientes se tornam mais do que belas composições. Eles se transformam em espaços de memória, pertencimento e realização. E foi exatamente isso que senti ao caminhar pelos corredores da mostra deste ano: um compromisso maior com o aconchego, com a autenticidade e com a vida real das pessoas.
Sempre vale a pena a visita, e ainda desfrutar da boa gastronomia que toda Mostra oferece.