Na manhã desta sexta-feira (5), a Polícia Civil de Minas Gerais realizou coletiva de imprensa na sede da 11ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP), em Montes Claros, para apresentar detalhes sobre a prisão em flagrante de um servidor municipal de 63 anos. Ele foi detido na quinta-feira (4) após descumprir medidas protetivas e ameaçar de morte a ex-companheira, de 46 anos.
Segundo as investigações, o homem atua no setor de zoonoses da prefeitura, em atividades de vigilância sanitária, vacinação e controle de vetores. Ele estava de férias e, ao descobrir o endereço da ex-esposa, usou o uniforme de trabalho para convencer um morador do prédio a permitir sua entrada, alegando se tratar de fiscalização de rotina. No local, analisou o cenário e retornou para casa, onde consumiu bebidas alcoólicas antes de planejar o crime.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o suspeito chegou a comunicar à filha que havia descoberto a residência da mãe e que voltaria para matá-la, sob a justificativa de não aceitar o fim do relacionamento e a possibilidade de ela já estar em um novo vínculo amoroso. O casal esteve junto por cerca de 28 anos e tem três filhos. A vítima relatou que sofreu, durante anos, violência psicológica e pressão emocional, mas sem agressões físicas.
Após a separação, ocorrida há cerca de quatro meses, os filhos permaneceram com o pai, enquanto a mãe deixou a casa para evitar conflitos. Com medo das ameaças, ela procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), onde o caso foi registrado. O suspeito foi preso ainda uniformizado e permanece detido, devendo responder pela Lei Maria da Penha.

Contexto político e jurídico
A prisão ocorre em meio à recente aprovação, pela Câmara Municipal de Montes Claros, do projeto de lei n° 24/2025, de autoria da vereadora Professora Iara Pimentel (PT), que proíbe pessoas que respondam ou tenham sido condenadas com base na Lei Maria da Penha, Estatuto da Criança e do Adolescente ou Lei Henry Borel de assumirem cargos no âmbito da administração pública municipal. A proposta foi aprovada na última terça-feira (25).
Segundo a parlamentar, a medida busca reforçar a proteção a mulheres e vulneráveis no ambiente de trabalho. “Devemos proteger todas as servidoras para que possam trabalhar sem medo, para que esse tipo de crime não volte a acontecer”, afirmou.
Em nota, a Prefeitura de Montes Claros informou que ainda não foi oficialmente notificada sobre o caso. A administração municipal declarou que, após conhecimento formal dos fatos, irá apurar toda e qualquer responsabilidade, caso se confirme que o investigado é servidor em exercício.