Adultização nas redes sociais: denúncia de Youtuber provoca queda de perfis e debate sobre proteção de menores

A chamada “adultização” é um fenômeno que ocorre quando crianças ou adolescentes são expostos a comportamentos, estéticas ou contextos que antecipam vivências da vida adulta, especialmente de natureza sexual. Isso pode incluir desde o uso de roupas e poses sensuais até a participação em conteúdos que incentivem flertes, insinuações ou interações com público mais velho.
Imagem: Reprodução Youtube

O youtuber Felca publicou recentemente um vídeo que gerou forte repercussão ao denunciar casos de adultização de adolescentes em conteúdos publicados nas redes sociais. A gravação, que viralizou rapidamente, apontou o influenciador Hytalo Santos como responsável por criar e divulgar vídeos com conotação sexual envolvendo jovens, sob o disfarce de entretenimento.

Segundo Felca, esses conteúdos apresentavam adolescentes em situações que simulavam festas, consumo de bebidas e interações provocativas, muitas vezes em transmissões ao vivo. Ele classificou o cenário como um “circo macabro” voltado a atrair público adulto, levantando o alerta para riscos de assédio e exploração.

Entre os casos citados está o de Kamylinha, que teria começado a aparecer nos conteúdos de Hytalo aos 12 anos. De acordo com a denúncia, a imagem da jovem foi gradualmente explorada, tornando-se um dos principais atrativos para visualizações e engajamento.


A repercussão do vídeo de Felca levou o tema à esfera judicial. Perfis no Instagram de Hytalo Santos e Kamylinha, que somavam milhões de seguidores, foram suspensos por decisão da Justiça durante investigações sobre possível exploração de menores. O Ministério Público investiga a responsabilidade dos envolvidos, inclusive no que diz respeito à autorização de familiares, que não anula a proteção prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

A chamada “adultização” é um fenômeno que ocorre quando crianças ou adolescentes são expostos a comportamentos, estéticas ou contextos que antecipam vivências da vida adulta, especialmente de natureza sexual. Isso pode incluir desde o uso de roupas e poses sensuais até a participação em conteúdos que incentivem flertes, insinuações ou interações com público mais velho. Especialistas alertam que, além do impacto emocional e psicológico, essa prática aumenta a vulnerabilidade a abusos e estimula uma distorção na construção da identidade e da autoestima desses jovens.

Não se trata apenas de uma questão de aparência ou moda: a adultização muitas vezes é usada como estratégia de engajamento, explorando a curiosidade e o consumo de conteúdo por parte de adultos, o que pode gerar lucro para criadores e plataformas. Por isso, profissionais da área de psicologia e segurança digital reforçam que é urgente ampliar a fiscalização, a educação midiática e a conscientização das famílias sobre os riscos da superexposição infantil.