Tempero de vida e luz para quem está na escuridão

Podemos afirmar que, embora compartilhemos o mesmo planeta, habitamos mundos distintos. A mente de cada ser humano se desenvolve conforme a visão que lhe é concedida. A imagem que se forma diante de nós é resultado direto de tudo aquilo em que acreditamos, vivenciamos e almejamos.
Imagem: Internet

Podemos afirmar que, embora compartilhemos o mesmo planeta, habitamos mundos distintos. A mente de cada ser humano se desenvolve conforme a visão que lhe é concedida. A imagem que se forma diante de nós é resultado direto de tudo aquilo em que acreditamos, vivenciamos e almejamos. Não é raro que aquilo que criticamos hoje tenha, em algum momento, feito parte de nós — ou ainda faça. Por isso, a lapidação espiritual e a revisão constante de nossas atitudes são indispensáveis. Assim, diminuímos as chances de reincidir nos mesmos erros, enquanto permanecermos sensíveis às causas humanas e alheias, mesmo que não sejamos nós os diretamente atingidos por determinadas desventuras.

A compreensão do que é valor para cada um de nós se constrói — e se reconstrói — na medida em que temos coragem de repensar o que for necessário. Pode parecer inusitado, mas não é: existe uma parcela da sociedade que atravessa os dias e noites guiada apenas por ideais materialistas, enquanto outra parte busca desenvolver pensamentos pautados no valor humano e no altruísmo. Enquanto alguns acumulam desesperadamente bens, muitas vezes de forma egoísta, há aqueles que repartem tudo o que têm com o próximo. Não há, em si, erro em possuir — o equívoco está em propagar a ideia de que cada um deve viver exclusivamente por si e que “salve-se quem puder”. Essa mentalidade é quase pré-histórica — já não vivemos mais na era dos dinossauros!

É fundamental resgatar o princípio ensinado por Jesus Cristo, em João 6:11-12, sobre o valor de repartir, de praticar a caridade e o amor ao próximo. Todo ser humano carrega em si inúmeras capacidades e habilidades. No grande quebra-cabeça da vida em sociedade, é visível que muitos se dedicam, com fé e amor fraterno, ao bem comum. Entregam-se de corpo e alma. Por outro lado, há os que ainda não compreenderam que é necessário se engajar para construir uma comunidade mais próspera e feliz.


É maravilhoso quando alguém pode doar — e o outro, receber. Ainda mais admirável é quando a doação vem com afeição, com o coração. Por vezes, devido a uma visão míope, buscamos felicidade apenas em receber. Mas é infeliz aquele que nunca experimentou o sabor divino de compartilhar e ver brotar, no outro, um sorriso ou uma expressão de gratidão. Talvez muitos de nós ainda estejamos nesse estágio de apenas esperar que o outro venha até nós e nos ofereça algo. Esses vivem num mundo imaginário, de fantasia limitada.

Nesse sentido, Santo Agostinho nos inspira ao afirmar: “A esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.” Que sejamos sal e luz no mundo — sal para temperar a vida com mais amor, e luz para iluminar o caminho daqueles que ainda caminham na escuridão.