Operação da Polícia Civil desarticula associação criminosa suspeita de aplicar golpes milionários em produtores rurais no Norte de Minas

O grupo teria causado prejuízos que ultrapassam R$ 2,9 milhões em cidades do Norte e Centro de Minas.
Foto: Webterra / Arquivo

A Polícia Civil de Minas Gerais apresentou, na manhã desta quinta-feira (10), na sede da 11ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP), em Montes Claros, os resultados de uma operação que desarticulou uma associação criminosa suspeita de aplicar golpes em produtores rurais da região de Bocaiuva. O grupo teria causado prejuízos que ultrapassam R$ 2,9 milhões em cidades do Norte e Centro de Minas.

Três homens, todos moradores de Brasília de Minas, são apontados como os principais envolvidos no esquema: um idoso de 81 anos, que chegou a disputar as últimas eleições para vereador; seu filho, de 54 anos; e um terceiro investigado, de 59 anos, que usava uma empresa de autopeças registrada em nome de um laranja para movimentar valores de forma ilícita. A empresa servia como fachada para a lavagem do dinheiro obtido nos golpes.

Segundo a Polícia Civil, o grupo se mudou para Bocaiuva após pagar apenas o sinal em uma fazenda na cidade. Instalados na região, os suspeitos passaram a se aproximar de produtores locais e conseguiram conquistar a confiança de um pecuarista influente, que acabou servindo como intermediário para atrair novas vítimas.


A estratégia da quadrilha consistia na compra de gado com cheques sem fundo. Em Bocaiuva, ao menos 15 produtores foram lesados. Foram emitidos mais de 20 cheques fraudulentos, com valores que variavam entre R$ 5 mil e R$ 154 mil, somando um prejuízo de R$ 953 mil.

Após a negociação, os animais eram levados para uma fazenda em São Francisco, chamada Fazenda Ouro. De lá, o gado era encaminhado para leilões em cidades como Uberlândia e São Paulo, dificultando o rastreamento e facilitando a lavagem do dinheiro. Parte dos animais também foi vendida em outras regiões do país.

De acordo com o delegado Dr. Telles Bustorff, da Delegacia de Polícia Civil de Bocaiuva, a atuação do grupo foi cuidadosamente planejada.

Eles se instalaram estrategicamente em Bocaiuva, aproximaram-se de um produtor conhecido, o usaram como referência e, a partir daí, conseguiram atrair outras vítimas. Foi um golpe bem estruturado”, afirmou.

O delegado regional Dr. César Salgueiro destacou que o prejuízo ultrapassa os limites de Bocaiuva e atinge também outros municípios mineiros.

As investigações também apontaram que o grupo agiu em Buritizeiro e Diamantina, causando prejuízo estimado em R$ 2 milhões. Ao todo, 930 cabeças de gado foram negociadas fraudulentamente, mas apenas 57 foram localizadas até o momento”, disse.

Foto: Webterra / Arquivo

A operação foi deflagrada na última terça-feira (8), com o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Durante as diligências, foram localizados talões de cheques, anotações contábeis, registros de movimentações financeiras, além de indícios de que veículos de luxo e maquinários de alto valor foram adquiridos com o dinheiro dos golpes, porém estes bens foram escondidos antes da chegada dos policiais e segue sendo procurados.

Os três investigados foram ouvidos e liberados. Eles irão responder pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As investigações seguem em andamento, com o objetivo de localizar o restante dos bens desviados e identificar outras possíveis vítimas.

A Polícia Civil orienta que produtores que tenham sido alvo de golpes semelhantes procurem a delegacia mais próxima para contribuir com as investigações.

Leila Santos é jornalista graduada pela Funorte, com sólida experiência em comunicação. Atuou como editora-chefe e possui passagens por emissoras de TV, assessorias de imprensa, agências de publicidade e veículos digitais. Atualmente, integra o Portal Webterra, onde alia técnica, ética e compromisso à produção de conteúdos jornalísticos de qualidade. Leitora dedicada e engajada em causas sociais, conduz seu trabalho com sensibilidade, responsabilidade e credibilidade.