Nem toda fase é bonita, mas toda fase é necessária

Toda fase é digna e algumas são tão necessárias que nos salvam, mesmo que ninguém entenda.

Tem uma fase em que a gente se anula pra agradar.
Tem outra em que se arruma pra ser validada.
Tem a fase do medo de ser deixada. A de ficar quieta pra não desagradar.
E tem a fase em que a gente vira mãe e parece que todo o resto da nossa identidade desaparece.

Eu já me olhei no espelho e não reconheci quem estava ali.
Não era só a cara cansada.
Era a ausência de mim mesma.
Era a mulher que ficou em último lugar numa casa cheia de amor, rotina e demanda.

Tem a fase do cabelo preso todo dia, da roupa que mancha de leite ou de comida infantil.
Tem a fase da libido que some, da autoestima que derrete, da sensação de que você virou só um corpo a serviço dos outros.
Tem a fase em que você ouve “mas você só cuida da casa e das crianças, né?” e sorri por fora, mas grita por dentro.


E também chega a fase em que você levanta.
Não porque descansou, mas porque cansou.
Cansou de ser esquecida por você mesma.
A fase em que você não se arruma mais pra parecer forte, mas pra lembrar que ainda é você ali dentro.
A fase em que você faz uma unha e sente que recuperou 10% da sua dignidade emocional.

Tem a fase em que você bota um vestido só pra ir ao mercado e não é futilidade.
É resgate.
Tem a fase do pijama o dia inteiro e ainda assim se sentir linda, porque finalmente entendeu que descanso também é autocuidado.
O corpo descansa quando a alma é respeitada.

Nem toda fase é bonita, mas toda fase é digna.
E algumas são tão necessárias que nos salvam, mesmo que ninguém entenda.

Se você está nessa fase estranha, cansada, silenciosa ou em reconstrução:
Vista-se de si.
Porque você é mais do que o que o mundo espera de você.
Você é mais do que mãe.
Você é mulher.