A desigualdade de conhecimento é, sem dúvida, um dos maiores desafios estruturais do Brasil. Embora não seja tão visível quanto outras formas de desigualdade, como a de renda ou de acesso a serviços básicos, ela exerce influência direta sobre praticamente todos os aspectos da vida nacional — do desenvolvimento econômico à qualidade da cidadania. Quando parte da população tem acesso limitado ao saber, às tecnologias, à informação de qualidade e à formação intelectual sólida, o país inteiro perde em competitividade, coesão social e governança.
O conhecimento, adquirido principalmente por meio da educação, é o que permite às pessoas interpretar o mundo ao seu redor, fazer escolhas conscientes, se qualificar para o mercado de trabalho e participar ativamente da sociedade. No entanto, ainda existe uma grande disparidade entre aqueles que conseguem acessar uma educação de qualidade — com professores bem formados, materiais atualizados, estrutura adequada e estímulo à autonomia intelectual — e aqueles que, infelizmente, enfrentam escolas precárias, baixa oferta de conteúdo prático e poucas oportunidades de avanço.
Essa desigualdade repercute de forma direta na produtividade do país. Trabalhadores com baixa escolarização e poucos estímulos à atualização constante enfrentam maiores dificuldades para se adaptar às novas demandas do mercado. Isso limita o crescimento econômico e reduz o potencial de inovação em diversos setores. Além disso, compromete a mobilidade social e alimenta ciclos de exclusão que passam de geração em geração.
Do ponto de vista cívico, a desigualdade de conhecimento também fragiliza o exercício da cidadania. Um cidadão bem informado e com formação crítica é mais apto a compreender o funcionamento do Estado, a fiscalizar o uso dos recursos públicos, a fazer escolhas eleitorais mais conscientes e a se engajar em causas de interesse coletivo. Por outro lado, o desconhecimento pode abrir espaço para manipulações, desinformação e descrédito nas instituições.
Superar esse desafio exige um esforço conjunto. O papel do poder público é inegável: deve garantir escolas bem estruturadas, professores capacitados e políticas educacionais consistentes. Mas essa tarefa também envolve as famílias, o setor privado, as igrejas, os meios de comunicação e toda a sociedade civil. Valorizar o conhecimento, o estudo, a leitura e o debate construtivo deve ser um compromisso nacional.
Investir no combate à desigualdade de conhecimento é investir na liberdade individual, na responsabilidade cidadã e na construção de um país mais equilibrado, moderno e justo. Afinal, o conhecimento é o principal instrumento para que cada pessoa possa desenvolver seu potencial com dignidade, autonomia e senso de pertencimento. E esse é um caminho que interessa a todos, independentemente de posição política ou ideológica.