Com a chegada do período de temperaturas mais baixas, o Governo de Minas Gerais intensifica a orientação à população sobre a importância da vacinação e da atenção especial aos idosos como forma de prevenir complicações decorrentes de doenças respiratórias. O alerta parte da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), diante dos dados que apontam para uma maior vulnerabilidade desse público.
De janeiro até 22 de junho de 2025, mais da metade das internações por síndromes respiratórias em Minas envolveu pessoas com mais de 60 anos: foram 34.873 casos, o que representa 55% do total de 63.737 registros. O mesmo cenário se repete entre os óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): das 1.085 mortes registradas, 795 ocorreram entre idosos.
Baixa adesão à vacina da gripe preocupa autoridades
A vacinação segue sendo uma das principais medidas preventivas. A imunização contra a gripe está disponível durante todo o ano nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo eficaz contra os principais vírus da Influenza (H1N1, H3N2 e B). No entanto, até 25 de junho, a cobertura vacinal entre idosos era de apenas 50,17%, bem abaixo da meta de 90% estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Além disso, manter o esquema vacinal contra a covid-19 atualizado também é fundamental. Dados do Ministério da Saúde mostram que a cobertura entre os idosos em Minas está em 106% para duas doses, 91% para três e 65% para quatro doses.
— A vacinação é uma medida segura, eficaz e amplamente acessível. Orientamos que idosos e seus familiares confiram o cartão de vacinas e mantenham a proteção em dia — destaca o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi.
Ele também faz um alerta sobre os riscos da baixa adesão. “Coberturas abaixo do ideal favorecem o aumento de internações e mortes por doenças respiratórias nesta faixa etária”, afirma.
Entre as vacinas oferecidas ao público idoso nas unidades básicas de saúde está também a pneumocócica polissacarídica 23-valente (Pneumo 23), indicada para prevenção de pneumonia.
Estilo de vida e atenção aos sintomas são aliados da prevenção
O pneumologista Marcelo Fuccio, do Hospital Júlia Kubitschek, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), reforça que a prevenção vai além da imunização. Segundo ele, manter hábitos saudáveis é essencial para reduzir riscos.
— É importante adotar uma alimentação balanceada, praticar atividades físicas e ficar atento aos primeiros sinais de problemas respiratórios. Muitos idosos já possuem doenças crônicas que podem agravar esses quadros, como problemas cardíacos ou pulmonares — explica.
Os sintomas mais comuns da gripe incluem febre, dores no corpo, tosse seca, dor de garganta, coriza e fadiga. Em idosos, sinais como fraqueza extrema, confusão mental e dificuldade para respirar exigem atenção imediata.
Exemplo de prevenção
O aposentado Salvador Soares Teixeira, de 75 anos, é um exemplo de como a prevenção pode trazer resultados positivos. Ele conta que mantém o esquema vacinal em dia e não enfrentou complicações respiratórias nos últimos anos.
— Desde que começou a vacinação contra a gripe, eu nunca deixei de tomar. Também me vacinei contra a covid. Desde então, não tive gripe forte e continuo fazendo caminhada e me alimentando bem — relata.
Ações do Estado e investimentos
Entre janeiro e junho deste ano, mais de 7,8 milhões de doses da vacina contra a gripe e 1,2 milhão contra a covid-19 foram distribuídas pela SES-MG às 28 Unidades Regionais de Saúde, que repassam os imunizantes aos 853 municípios mineiros.
Além da logística de distribuição, o Estado também realiza campanhas educativas, treinamentos com profissionais de saúde e repasses financeiros para os municípios. No último biênio, R$ 165 milhões foram investidos em bonificações para cidades que atingiram metas vacinais e realizaram ações extramuros. Outros R$ 100 milhões foram destinados à aquisição dos “vacimóveis” — veículos que percorrem áreas urbanas e rurais em busca da população não vacinada.
Para o biênio 2025-2026, o Governo de Minas prevê o investimento de R$ 210 milhões para intensificar essas ações, ampliar o alcance da vacinação e proteger as populações mais vulneráveis, especialmente durante os meses mais frios.