Adolescentes, crimes digitais e abuso: o submundo chocante exposto pela Operação Mão de Ferro 2

Eles têm entre 15 e 16 anos, vivem em cidades do interior e parecem comuns — mas estavam à frente de um grupo criminoso organizado que atuava na internet promovendo perseguições, ameaças, incentivo ao suicídio e compartilhamento de material de abuso sexual infantil.
Foto: Polícia Civil
Eles têm entre 15 e 16 anos, vivem em cidades do interior e parecem comuns — mas estavam à frente de um grupo criminoso organizado que atuava na internet promovendo perseguições, ameaças, incentivo ao suicídio e compartilhamento de material de abuso sexual infantil. A Operação Mão de Ferro 2, deflagrada nesta terça-feira (27), expôs a gravidade de crimes cometidos por menores em ambientes digitais.
Coordenada pela Polícia Civil em parceria com o Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a operação aconteceu em 13 estados brasileiros e teve como foco o combate a crimes cibernéticos cometidos contra crianças e adolescentes. Entre os alvos estão dois adolescentes, de 15 e 16 anos, residentes no estado de Mato Grosso.
O mais novo deles, de apenas 15 anos, é apontado como o líder do grupo e já havia sido investigado anteriormente em duas outras operações. Os crimes cometidos incluem apologia ao nazismo, incentivo à automutilação, stalking, ameaças, invasão de sistemas e distribuição de conteúdo pedófilo. Segundo as investigações, o grupo tinha como principais alvos meninas.
Em Mato Grosso, foram cumpridos três mandados judiciais: dois em Rondonópolis contra o adolescente de 15 anos (busca e apreensão, e internação provisória), e um em Sinop, contra a adolescente de 16 anos (busca e apreensão). Ambos são suspeitos de integrar o mesmo núcleo criminoso.
Foto: Polícia Civil
Os crimes vinham sendo praticados em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord, onde o grupo se organizava e compartilhava conteúdos violentos e de caráter sexual. As redes eram usadas também para cooptar novas vítimas e incentivar comportamentos autodestrutivos, muitas vezes mascarados sob falsos grupos de apoio emocional.
Além disso, os adolescentes acessavam sistemas públicos ilegalmente e utilizavam esses dados para ameaçar vítimas e dificultar o rastreamento de suas atividades. O conteúdo compartilhado pelo grupo incluía imagens e vídeos de abuso sexual infantil — o que, sozinho, já configura um dos crimes mais graves do Código Penal e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Entre os crimes investigados estão:
• Incentivo ao suicídio e automutilação
• Perseguição (stalking)
• Ameaças
• Armazenamento e compartilhamento de conteúdo de abuso sexual infantil
• Apologia ao nazismo
• Invasão de sistemas e dados públicos
As penas somadas podem ultrapassar 20 anos de reclusão, além de multas. Apesar da pouca idade dos envolvidos, a legislação brasileira prevê medidas socioeducativas, como internação provisória e acompanhamento psicológico.
A operação acende um alerta urgente sobre os riscos que crianças e adolescentes enfrentam na internet — e a necessidade de monitoramento, educação digital e denúncia. O caso também reforça o debate sobre responsabilização penal de menores em crimes cibernéticos de alta gravidade.