A Polícia Civil investiga o ex-padre Bernardino Batista dos Santos, suspeito de cometer diversos crimes sexuais contra ao menos 50 crianças, em sua maioria meninas entre três e 11 anos, em Minas Gerais.
Detalhes do inquérito policial foram revelados nesta segunda-feira (19), pela repórter Naiana Andrade, da Agência Pública.
Em 2024, o pároco havia sido indiciado por estupro de vulnerável e ficou preso durante 36 dias após múltiplas denúncias contra ele. A reportagem entrou em contato com a defesa do suspeito, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
De acordo com as investigações, os abusos sexuais teriam ocorrido entre 1975 e 2016, em várias cidades do estado e, principalmente em um sítio do religioso, localizado em Tiros, Noroeste de Minas.
A Agência Pública divulgou que Bernardino dos Santos aproveitava de sua posição como religioso e também como diretor escolar para manter uma relação de confiança com as vítimas, meninas entre três e 11 anos.
Segundo apontaram relatórios investigativos, os crimes sexuais incluíam vários tipos de atos libidinosos, sendo que em alguns casos, ocorreram estupros. O padre praticava a violência sexual quando encontrava alguma brecha, realizando-os em diferentes locais, como: o sítio dele, casas paroquiais, sacristias ou, ainda, durante excursões e passeios.
Modus Operandi
Ainda de acordo com as investigações, o modo como o líder religioso operava era isolando as meninas. Ele utilizava pretextos como pedir ajuda ou oferecer algo às vítimas, e não as ameaça com armas, mas valia-se da confiança que a comunidade e os pais das crianças depositavam nele.
Bernadino dos Santos foi preso de forma preventiva em outubro do ano passado, mas acabou sendo liberado após um mês, utilizando tornozeleira eletrônica. O julgamento deverá ocorrer até dezembro de 2025.
Conforme apurado, a maioria das denúncias contra o ex-padre prescreveu. Porém, um abuso sexual ocorrido em 2016 contra uma criança, de quatro anos, continua ativo, sendo a base central para a acusação do idoso.
Vítimas do Santo Paraíso
A Arquidiocese de Belo Horizonte informou que conduzido uma investigação interna em 2021, no entanto não divulgou detalhes, se valendo do sigilo do direito canônico.
As vítimas e os parentes criaram um perfil no Instagram intitulado “Vítimas do Santo Paraíso”, sendo Paraíso nome do bairro onde Bernardino dos Santos autou como padre da Igreja Católica, por mais de 30 anos. O perfil é para dar visibilidade ao caso.
A Arquidiocese de Belo Horizonte declarou ainda que Bernardino Batista dos Santos está afastado das funções sacerdotais desde o dia 18 de novembro de 2021, por decisão definitiva do Vaticano. A instituição afirmou também que acolheu as vítimas e colaborou com as investigações policiais.
Em 2024, o pároco prestou depoimento à polícia e afirmou ser dono do sítio em Tiros e que vendeu a propriedade no ano de 2021, porém negou que tenham acontecido excursões escolares no local.
Um ex-funcionário relatou à Agência Pública que, em 2021, Bernardino dos Santos negou de forma enérgica as acusações de violências sexuais, dizendo que seriam invenções.
As investigações continuam.
*Com informações de Agência Pública
