Aposentados vão receber de volta R$ 292 milhões cobrados indevidamente, informa INSS

Valor será restituído a partir de 26 de maio e corresponde à primeira etapa do plano de ressarcimento após operação contra fraudes
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O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) confirmou que começará, no dia 26 de maio, a devolver cerca de R$ 292,7 milhões a aposentados e pensionistas que tiveram descontos indevidos de mensalidades associativas em seus benefícios. O ressarcimento será efetuado até o dia 6 de junho, juntamente com os pagamentos mensais.

A devolução é a primeira etapa de um plano que visa corrigir prejuízos causados por um esquema nacional de descontos não autorizados, revelado pela Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU). A investigação levou o INSS a suspender todos os descontos em folha relacionados a associações, sindicatos e entidades semelhantes.

Segundo a autarquia, os valores restituídos correspondem às deduções realizadas entre o fim de abril e o início de maio, período em que a folha de pagamento já havia sido processada, apesar da determinação de bloqueio. Os valores, no entanto, foram retidos e não repassados às entidades envolvidas.

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A partir de 14 de maio, cerca de 9 milhões de beneficiários serão notificados sobre os descontos realizados nos últimos anos. As notificações ocorrerão exclusivamente por meio do aplicativo Meu INSS e do número 135. Os aposentados poderão confirmar ou contestar os débitos informados. Se não reconhecerem o desconto, poderão declarar isso diretamente na plataforma, sem necessidade de apresentar documentação.

Em caso de contestação, caberá à entidade provar, em até 15 dias úteis, que houve autorização para o desconto. Se não houver comprovação, o caso será encaminhado à Advocacia-Geral da União (AGU) para adoção de medidas legais e de cobrança.

O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, informou que o plano de restituição abrangerá os descontos aplicados de março de 2020 a março de 2025. A estimativa é que milhares de pessoas tenham sido lesadas ao longo dos anos por deduções feitas sem consentimento.

Dados da CGU revelam que o valor anual descontado por associações saltou de R$ 413 milhões em 2016 para R$ 2,8 bilhões em 2023. Paralelamente, o número de reclamações também aumentou: apenas entre janeiro de 2023 e maio de 2024, mais de 1,1 milhão de pedidos de cancelamento foram registrados.

Com a repercussão da operação, a direção do INSS foi reformulada, e o Ministério da Previdência teve mudanças na cúpula. A AGU formou um grupo especial para buscar o ressarcimento integral dos prejuízos e, por decisão judicial, mais de R$ 1 bilhão em bens dos investigados já está bloqueado. A União também solicitou o bloqueio adicional de R$ 2,56 bilhões em bens de 12 entidades envolvidas.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o governo garantirá a devolução integral aos prejudicados, mesmo que para isso seja necessário complementar os valores com recursos públicos. “Todos serão ressarcidos, mas com responsabilidade. Só receberá quem, de fato, tiver direito”, pontuou.

Leila Santos
Graduada em Jornalismo pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas – Funorte, Leila tem ampla experiência na comunicação, atuando como editora-chefe de redação, além de passagens por Tv assessorias de imprensa, agências de publicidade e jornais online. Atualmente, integra a equipe do Portal Webterra, onde alia expertise e compromisso para entregar conteúdos precisos e relevantes. Leitora voraz e engajada em causas sociais, Leila mantém seu trabalho guiado pela ética e excelência jornalística.