A mente em jogo: A importância da psicologia no Esporte

Cada vez mais, atletas e equipes reconhecem que o equilíbrio mental é um dos pilares do desempenho esportivo
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No esporte de alto rendimento, talento e treino físico são essenciais, mas não suficientes. Cada vez mais, atletas e equipes reconhecem que o equilíbrio mental é um dos pilares do desempenho esportivo. Assim, entra em cena a psicologia do esporte, uma área essencial, porém ainda cercada de tabus.

Um levantamento do ano passado revelou que seis dos 20 times que disputavam a Série A do Campeonato Brasileiro não tinham à disposição um departamento de psicologia. O psicólogo do Esporte e da equipe do Montes Claros Handebol/AEESB, Fernando Maia, acredita que, para superar esse tabu, é preciso inserir o psicólogo no esporte.

“É essencial realizar um trabalho de conscientização junto a outros profissionais que atuam na área, como, por exemplo, dirigentes e técnicos. É importante mostrar que o trabalho psicológico vai além de momentos de crise. Trata-se, na verdade, de um trabalho de preparação e prevenção para os desafios que o esporte impõe”, explicou.


Por outro lado, segundo Fernando, é preciso estar a par do que se passa na equipe. “O profissional deve estar integrado ao dia a dia do clube, participando de treinos e reuniões como qualquer outro membro da comissão técnica. Além disso, divulgar resultados de atletas e clubes que já adotam essa prática com sucesso ajuda a mostrar que cuidar da mente também é treinar para o alto desempenho”, falou.

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De acordo com Maia, o equilíbrio mental é, sim, um dos pilares fundamentais para o desempenho.

“Hoje, podemos enxergar com bastante clareza que os três pilares essenciais para a performance dentro do esporte são a parte física, técnica e mental. Pensando no equilíbrio mental, é possível dizer que ele permite que o atleta mantenha o foco, controle a ansiedade, tome decisões rápidas sob pressão e se recupere de erros ou derrotas com resiliência. Sem esse equilíbrio, o talento físico e técnico pode ser sabotado por bloqueios emocionais, insegurança ou falta de motivação”.

Controle emocional, foco e superação

O trabalho psicológico vai muito além dos campeonato. Há, também, momentos de lesão, recuperação, transições de carreira. Para o Fernando, ter um suporte profissional ajuda o atleta a construir solidez e a lidar com as oscilações da carreira com mais assertividade.

“Podemos dizer que, para construir uma identidade mais sólida a respeito do trabalho psicológico, é necessário que o profissional da psicologia esteja presente de forma constante, integrado ao cotidiano do atleta e da equipe técnica. Isso permite desenvolver vínculos de confiança e atuar não só na performance, mas também na saúde emocional e no desenvolvimento humano do esportista”, comentou.

Ainda conforme Fernando, é comum que a psicologia seja vista como um recurso emergencial. Por isso, é fundamental apresentar seu valor com clareza, mostrando como ela contribui para o desenvolvimento do atleta, não só como profissional do esporte, mas também como uma pessoa que está diretamente ligada à nossa sociedade.

Além da quadra ou do campo

O esporte carrega a pressão por resultados, o medo de falhar e a exigência constante de evolução fazem parte da rotina de atletas profissionais e amadores. Dessa forma, a psicologia esportiva trabalha justamente para que o esportista desenvolva ferramentas para lidar com esses desafios, como controle emocional, foco, motivação e resiliência.

“A carreira esportiva é marcada por transições, e o suporte psicológico prepara o atleta para lidar com mudanças, encerramentos e novas fases de forma mais saudável. Ao estar presente nos bastidores, nos treinos, nas vitórias e nas crises, o psicólogo mostra que cuidar da mente também é parte do treino — e que saúde mental e desempenho caminham juntos”, enfatizou  Fernando.

Quebrando o tabu

Rayssa Leal conquista o bronze em Paris 2024. Foto: CBSk/Julio Detefon

Embora tenham acontecido os avanços, ainda há resistência em alguns ambientes esportivos quanto à busca por apoio psicológico. No entanto, isso vem mudando. O suporte à saúde mental ajudou atletas brasileiros a conquistarem medalhas em Paris 2024. Isaquias, Rayssa e Rebeca reforçaram que esse apoio foi vital para superarem pressões e vencerem.

“Acho que, se não tivesse ia ser um problema, porque tipo, para mim, tudo aconteceu muito rápido, desde quando eu tinha sete anos, o vídeo da Fadinha lá em Imperatriz. É tudo muito novo. (…) Eu faço terapia 2 vezes por semana, não só para entender, óbvio, minha vida profissional, mas também minha vida pessoal, que é muito importante, até porque eu sou uma adolescente ainda, tenho 16 anos e enfim, mas tudo isso que está acontecendo para mim, cara, é algo que eu nunca imaginei e que eu me sinto muito feliz mesmo”, disse Rayssa em entrevista para a Band.

Gian Marlon
Jornalista de formação pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas - Funorte, em 2019. Natural de São Francisco-MG, tem passagens por algumas redações de jornais, sendo TV, impresso e portais. Fã de esportes, animes e música.