A resposta é direta: não, não daria.
Antes de se lançar nas redes sociais para defender os extremos da esquerda ou da direita (mudei a ordem para evitar questionamentos), o debatedor poderia, ao menos, tentar entender um pouco mais sobre o Brasil — sua história, sua contemporaneidade e, se possível, suas tendências. Até aqui, isso seria algo que se espera de um dever de casa, que todos deveriam conhecer. Se não sabem, não é porque faltaram à aula, mas porque faltou o entendimento da política brasileira, tanto da direita quanto da esquerda. É essencial também compreender a globalização, os acordos entre países e blocos econômicos, e as organizações internacionais das quais o Brasil é signatário, além das tendências globais.
No entanto, o que se vê são discussões, xingamentos, agressões, desrespeito, afrontas, desafios, brigas e até mortes, tudo por conta de um tema de grande importância, mas geralmente tratado com ódio, sem um debate construtivo.
Pelo exposto até aqui, já seria possível entender a inviabilidade de um governo extremista. Ainda assim, é importante fundamentar alguns pontos.
A complexidade do Brasil, tanto social quanto econômica, torna a implementação de governos extremistas praticamente inviável. O país é marcado por profundas desigualdades, uma grande diversidade cultural, étnica e regional, e um sistema político fragmentado, o que exige soluções equilibradas e consensuais para atender às necessidades da população. A disparidade entre as classes sociais — com uma classe média significativa e milhões vivendo na pobreza — demanda políticas públicas inclusivas e pragmáticas, difíceis de serem implementadas por governos radicais, que tendem a aprofundar as divisões sociais.
Além disso, a economia brasileira, com sua vulnerabilidade a crises internas e externas, exige uma gestão cuidadosa para garantir a estabilidade, algo comprometido por medidas extremistas que frequentemente ignoram as complexidades do mercado e os desafios do país. O sistema político também contribui para a inviabilidade de governos extremistas, já que o Brasil possui um Congresso fragmentado, o que exige negociações e acordos para a implementação de políticas. Sem uma base ampla de apoio, governos radicais enfrentam grandes dificuldades para avançar com suas agendas.
A cultura política brasileira, pautada pela negociação e pelo “jeitinho” político, favorece soluções intermediárias e evita posturas que desconsiderem as diferentes realidades do país. Por fim, a polarização que caracteriza os momentos eleitorais não reflete necessariamente uma preferência por extremos, mas sim uma demanda por governos capazes de construir consensos amplos, o que torna cada vez mais difícil a viabilidade de uma governança extremista no Brasil.