Haddad anuncia pacote de cortes de gastos e isenção de IR para rendas até R$ 5 mil

Durante um pronunciamento realizado nesta quarta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou novas medidas voltadas para o equilíbrio das contas públicas e o cumprimento do arcabouço fiscal. Dentre as principais iniciativas, destaca-se a isenção do imposto de renda (IR) para trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil, medida que entrará em vigor em 2026. Atualmente, são isentos os contribuintes que ganham até R$ 2.259,20 por mês.

De acordo com Haddad, a proposta honra um compromisso assumido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha de 2022. “Com a reforma da renda, uma parte importante da classe média que ganha até R$ 5 mil por mês não pagará mais Imposto de Renda. É o Brasil justo, com menos impostos e mais dinheiro no bolso para investir no seu pequeno negócio, impulsionar o comércio local e ajudar no crescimento das cidades”, afirmou o ministro.

Taxação para compensar custos

Para viabilizar a amplificação da isenção, que deve gerar um impacto de R$ 50 bilhões anuais, o governo planeja propor a tributação de lucros e dividendos acima de R$ 50 mil por mês. Atualmente, esses rendimentos são isentos no Brasil.

Segundo Haddad, a medida busca manter o equilíbrio fiscal sem comprometer os cofres públicos. “Quem tem renda superior a R$ 50 mil por mês pagará um pouco mais. Tudo será feito sem excessos, seguindo padrões internacionais consagrados”, explicou.

Outras medidas de ajuste

O pacote também inclui outras iniciativas para garantir a economia de R$ 70 bilhões nas contas públicas até 2026. Entre as propostas apresentadas estão:

Revisão da política de aumento do salário mínimo: a correção do mínimo passará a seguir limitações do arcabouço fiscal, podendo ser reajustada em patamares inferiores aos atuais;

Fim dos supersalários: projeto enviado ao Congresso visa extinguir remunerações que ultrapassem o teto constitucional;

Atualização cadastral de beneficiários de programas sociais: beneficiários do Bolsa Família e do BPC (Benefício de Prestação Continuada) deverão atualizar seus dados, caso não o tenham feito nos últimos dois anos;

Mudanças em aposentadorias e pensões militares: incluem o fim da “morte ficta”, mecanismo que permite pagamento de pensão a parentes de militares expulsos, e a fixação de idade mínima para aposentadoria, com regra de transição;

Proibição de novos benefícios tributários: ficam vedadas a criação, ampliação ou prorrogação de incentivos fiscais.

Haddad ressaltou que as medidas visam o crescimento sustentável. “O salário mínimo continuará subindo acima da inflação, mas de forma responsável e dentro da nova regra fiscal”, afirmou.

O abono salarial também foi contemplado no pacote: ele será destinado a quem recebe até R$ 2.640, com reajuste pela inflação, tornando-se permanente quando o valor equivaler a um salário mínimo e meio.

Aprovação no Congresso

As propostas ainda dependem da avaliação do Congresso Nacional. Nesta quarta-feira, Lula e Haddad se reuniram com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de líderes partidários, para apresentar o conjunto de medidas. O objetivo é garantir apoio à tramitação e à aprovação do pacote.

Leila Santos
Graduada em Jornalismo pela Funorte, Leila tem uma sólida trajetória na comunicação, com vasta experiência em diversos veículos de imprensa. Atualmente, faz parte da equipe do Portal Webterra, onde se destaca pela entrega de informações precisas e relevantes, sempre comprometida com a qualidade e a integridade jornalística.