Houve um tempo em que a escola era considerada o templo do conhecimento! Pais e filhos tinham em mente um valor altamente precioso sobre o aprender na escola. A família se envolvia completamente com tudo o que o educandário prescrevia – uma extensão do lar e o lar a extensão da escola. Lembro-me nos primeiros anos como cada dia na escola se tornava uma quase bênção divina, pois lá o aluno tinha a oportunidade de se descobrir como ser humano. De certo, de se transformar como cidadão e compreender as pessoas com dignidade, com responsabilidade e respeito pelo colega de sala, pela nova amizade que ali se iniciava para o resto da vida. Era o berço do saber, o berço do viver! Não sem razão, Albert Einstein certa vez bradou: “tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações (…) receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos”.
De outro lado, é lamentável, mas necessário, dizer que o tempo que se insurge tem declinado o ambiente colegial. Em contrapartida ao que muitos de nós vivemos em outrora, em que o professor era uma autoridade em sala. Claramente lembro-me de nos primeiros anos letivos, que quando o professor adentrava a sala de aula era recebido de pé pelos alunos e ainda o saudávamos com a expressão “seja bem vindo professor!” Isso claramente era sinal de grande apreço ao mestre que cedia seus conhecimentos aos incipientes alunos. Por vezes durante a semana entoávamos o hino nacional brasileiro ou o hino à bandeira. Sentíamos a grande dimensão em respeitar, de ser educado com o outro, de valorizar nosso país em todos os momentos. Adquirimos desde já o apreço por sermos honestos, por acreditarmos no valor imensurável da paz, por seguirmos uma referência de ordem, de disciplina e obediência aos dirigentes escolares, pois ali estávamos sendo preparados para atuar com consciência cidadã.
Vale destacar que acompanhamos na última semana o lançamento pelo Ministério da Educação de um programa que visa resgatar uma pouco dessa história que contamos acima. É o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares que de acordo com o MEC, “os militares atuarão na disciplina dos alunos, no fortalecimento de valores éticos e morais, e na área administrativa, no aprimoramento da infraestrutura e organização da escola e dos estudantes. As questões didático-pedagógicas continuarão atribuições exclusivas dos docentes, sem sobreposição com os militares, e serão respeitadas as funções próprias dos profissionais da educação”.
Ainda, segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, “a implantação das escolas cívico-militares vai ocorrer preferencialmente em regiões que apresentam situação de vulnerabilidade social e baixos índices no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Assim entre as premissas do programa estão a contribuição para a melhoria do ambiente escolar, redução da violência, da evasão e da repetência escolar”. De fato é nesse entendimento que o filósofo alemão, Immanuel Kant, nos alertou que “é no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade”. Acreditar na formação de excelência, no ensino como instrumento de transformação social indubitavelmente é o início de uma era mais humana e mais consciente.