Apreensão de bebidas alcoólicas falsificadas cresce em Minas e expõe risco à saúde dos consumidores

A busca por lucro fácil, que compromete a saúde de milhões, levou a um aumento expressivo na apreensão de bebidas alcoólicas falsificadas em 2024. Levantamento da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) aponta que, de janeiro a agosto, foram retiradas de circulação cerca de 185 mil garrafas adulteradas – um crescimento de 86,8% em relação ao ano passado, quando o total apreendido foi de 99 mil garrafas.

A prática envolve a produção de bebidas de baixa qualidade, sem qualquer pagamento de impostos e com substâncias potencialmente perigosas. “O mercado de bebidas falsificadas é extremamente lucrativo para os criminosos, que se aproveitam da ausência de tributos e da qualidade inferior para obter grandes margens de lucro e, muitas vezes, financiar outras atividades ilegais”, explica Cristiane Foja, presidente da Abrabe.

Minas Gerais e a Expansão do Crime

Em Minas Gerais, a Polícia Civil intensificou as investigações e registra aumento nos casos. Somente neste ano, operações em cidades como Ribeirão das Neves, Caeté e Pouso Alegre revelaram o esquema de falsificação de bebidas no Estado. Atualmente, seis inquéritos apuram a atuação de suspeitos que adulteram o conteúdo de garrafas ou aplicam rótulos de marcas famosas em produtos de baixa qualidade. Segundo a delegada Elyenni Célida da Silva, do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e Fraudes (Deccof), muitos desses falsificadores mantêm operações de grande porte, algumas até com CNPJ e galpões, o que dificulta a identificação da prática criminosa.

“Embora alguns falsificadores trabalhem de maneira improvisada, a maioria envolve esquemas maiores e estruturados, até mesmo com caminhões-tanque para armazenamento”, aponta Elyenni. Ela destaca que as bebidas falsificadas costumam chegar a bares, restaurantes e eventos, locais em que a procedência dos produtos não é facilmente verificada pelos consumidores.

Consumo em Locais de Aglomeração e Bares de Alta Rotatividade

As bebidas falsificadas, muitas vezes, são vendidas em bares, festas e boates – inclusive em regiões nobres, como a zona Sul de Belo Horizonte e Nova Lima. A delegada Elyenni explica que, durante as investigações, bares e outros estabelecimentos não conseguem apresentar notas fiscais dos produtos, evidenciando a prática ilegal. “Eles preferem comprar bebidas de menor custo para aumentar a margem de lucro, sem considerar a origem. Esse tipo de crime atinge consumidores de todas as classes sociais”, alerta.

Denúncias e Operações

De acordo com Cristiane Foja, da Abrabe, o crescimento nas apreensões se deve ao trabalho intensificado das forças de segurança e ao aumento de denúncias pela população. “Os consumidores têm colaborado mais, e as operações de inteligência estão conseguindo identificar as fabriquetas ilegais”, comenta.

A falsificação de bebidas é um crime que não apenas lesiona a economia, mas também coloca em risco a saúde de milhares de brasileiros. Com mais investigações e a colaboração do público, as autoridades esperam reduzir a circulação dessas bebidas perigosas e proteger os consumidores de produtos adulterados.

Leila Santos
Graduada em Jornalismo pela Funorte, Leila tem uma sólida trajetória na comunicação, com vasta experiência em diversos veículos de imprensa. Atualmente, faz parte da equipe do Portal Webterra, onde se destaca pela entrega de informações precisas e relevantes, sempre comprometida com a qualidade e a integridade jornalística.