Evento do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG abordará inovações, desafios e sustentabilidade da aviação agrícola, na próxima quarta-feira (23), dentro da 33ª Semana Acadêmica da universidade e em parceria com o Sindag e o Ibravag
Seguem abertas as inscrições gratuitas para o encontro Inovação e Sustentabilidade: os desafios da aviação agrícola, que ocorrerá na próxima quarta-feira (23), dentro da programação da 33ª Semana do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Montes Claros. O evento é promovido pelo Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG, em parceria com o Sindicato Nacional das empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e o Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag).
A movimentação será das 8h30 ao meio-dia, no auditório do Bloco C do campus da UFMG na cidade. A programação é aberta a toda a comunidade acadêmica e visitantes. As inscrições podem ser feitas clicando AQUI.
O encontro terá palestras do diretor-executivo do Sindag e do Ibravag, Gabriel Colle; do diretor de operações da Perfect Flight, Paulo Márcio Villela, e do engenheiro agrônomo e analista do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) Lucas Souza. Abordando desde o crescimento, desafios e perspectivas do uso de aeronaves tripuladas e drones nas lavouras. Passando ainda pelos avanços tecnológicos que aliam produtividade e segurança ambiental da atividade aeroagrícola, além da legislação sobre o setor.
OPORTUNIDADE
Além das tecnologias embarcadas, das rotinas operacionais e da formação exigida da equipe em campo (agrônomos aos técnicos agrícolas com especialização e piloto com formação específica para o setor), o encontro do dia 23 mostrará os avanços em ferramentas para aprimorar e atestar e eficiência do trabalho em campo. Além da própria legislação sobre a aviação agrícola. O evento será ainda uma oportunidade de troca experiências com os profissionais e especialistas que atuam no setor.
A iniciativa faz parte do esforço das entidades aeroagrícolas para apresentar de maneira mais ampla o segmento no ambiente acadêmico. Com foco também em fomentar pesquisas e aprimoramento de tecnologias, quanto atrair profissionais graduados para o segmento. Além de desmistificar a aviação agrícola junto à sociedade em geral.
SERVIÇO
O QUÊ: encontro Inovação e Sustentabilidade: os desafios da aviação agrícola
QUANDO: dia 23 de outubro, das 8h30 ao meio-dia
ONDE: auditório do Bloco C do campus da UFMG em Montes Claros
INSCRIÇÕES: Gratuitas
Nos próximos três anos, a frota aeroagrícola brasileira pode passar das 3 mil aviões e helicópteros operando em lavouras. A projeção é do diretor operacional do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Cláudio Júnior Oliveira. O índice representa uma perspectiva de crescimento de quase 10% no período, que é considerada boa pelo setor.
O levantamento de Oliveira foi apresentado em agosto, durante o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (Congresso AvAg) 2024, ocorrido em Mato Grosso – no Aeroporto de Santo Antônio de Leverger. A frota nacional já é a segunda maior do mundo, com 2,7 mil aeronaves. Atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 3,6 mil aeronaves operando em suas lavouras.
Na projeção para 2027, Oliveira (que é economista) levou em conta a demanda por aeronaves para manter o crescimento de produtividade nas principais culturas do agro – soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, florestas e outras. O estudo também levantou os cenários e perspectivas em cada uma das cinco regiões do País. Avaliando desde a busca de tecnologia pelos produtores até a capacidade de produção das fábricas de aviões agrícolas – no caso, a brasileira Embraer e as norte-americanas Air Tractor e Thrush (que estão presentes no Congresso AvAg).
50 MIL HECTARES POR AVIÃO
Outro dado do estudo é a projeção de trabalhos em lavouras pelo setor. Isso considerando que cada aeronave agrícola completa anualmente 50 mil hectares de aplicações. Nesse contexto, se passaria de 135,9 milhões para 150,5 milhões de hectares em trabalhos aeroagrícolas. Isso considerando todas as etapas no trato de lavouras – semeadura, adubação, aplicação de defensivos químicos ou biológicos, maturadores e outros.
Entre os desafios do setor, está a formação de pilotos agrícolas. Segundo a Anac, o País tem hoje 2.193 profissionais com licença de piloto agrícola de avião e 21 para helicóptero. Além disso, o segmento tem uma necessidade constante de engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas com especialização – profissionais encarregados, respectivamente, da coordenação e apoio em solo das operações em campo.
Isso ao mesmo tempo em que mais da metade das faculdades de agronomia existentes no País ainda não contam com disciplinas específicas sobre tecnologias aeroagrícola. Daí o esforço do Sindag em estimular tanto a maior abertura para o setor nos currículos, quanto a pesquisa acadêmica sobre as aplicações aéreas.
INCÊNDIOS
Em apenas 60 dias, a aviação agrícola brasileira lançou pelo menos 15,8 milhões de litros de água contra focos de incêndios no Pantanal (MT e MS), São Paulo e Goiás. Em operações que envolveram 28 aeronaves atuando para órgãos oficiais e produtores rurais. Os números são parciais, já que o levantamento deve ser concluído no final da temporada de incêndios, que deve se encerrar até o final de outubro.
Desse total, 14,38 milhões de litros de água foram lançados contra incêndios no Pantanal (no MT e MS), por 17 aeronaves – contratadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelos governos do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Neste caso, no apoio aos mais de 200 brigadistas e bombeiros que fazem o combate em solo.
Os dados são preliminares e fazem parte de um levantamento que o Sindag está fazendo entre empresas aeroagrícolas que atuam contra chamas nesta temporada. Além de ainda faltar dados de algumas empresas que prestam esse tipo de serviço, vale lembrar que a temporada de incêndios no País ainda segue pelo menos até o final de setembro.
A última vez que o Sindag fez esse levantamento foi sobre as operações de 2021. Naquele ano, empresas de aviação agrícola em todo o País haviam somado 10,9 mil lançamentos de água, somando 19,5 milhões de litros em 4 mil horas totalizadas em voos contra incêndios.
AÇÃO COORDENADA
Nas operações aéreas contra chamas, cerca de 90% do trabalho é feito em parceria com brigadistas em solo. Com o líder da equipe em terra solicitando apoio aéreo e coordenando com o piloto como é feito o lançamento. Em grandes incêndios, a função do avião normalmente é reduzir o fogo para que os brigadistas possam chegar aos focos em segurança. Isso porque é pessoal em terra que elimina totalmente as chamas e ainda faz o “trabalho cirúrgico” contra braseiros – que, se não extintos, podem reacender a linha de incêndio.
Aviões agrícolas operam sozinhos quando os focos estão em áreas de difícil acesso, como encostas ou terrenos acidentados. Quando há urgência de fazer um corredor de fuga para a fauna cercada pelas chamas ou quando não há equipe perto e é preciso segurar ou tentar eliminar a linha de fogo com mais lançamentos de água. Neste caso, por exemplo, em fazendas com fogo perto das casas ou instalações – como em 2021, quando um piloto agrícola salvou uma família das chamas que estavam prestes a chegar à residência onde estavam as pessoas.
PRERROGATIVA
Esse modelo de operação com aviões e brigadistas é adotado internacionalmente. Há mais de três décadas é empregado em reservas naturais brasileiras e, mais tarde, passou a ser usado também em lavouras (junto com brigadistas de fazendas e usinas). Lembrando que a aviação agrícola opera em reservas federais em parceria com equipes do ICMBio desde a criação do órgão, em 2007.
Antes disso, já operava desde os anos 1990 com as equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e (nos Estados) com bombeiros. Para completar, desde os anos 1960 o combate a incêndios em campos e florestas está entre as prerrogativas do setor aeroagrícola. Em 2022 o País ganhou uma Lei Federal incluindo os aviões agrícolas na políticas de governo para o combate aos incêndios florestais.