O transplante de pulmão é considerado para pacientes com doenças pulmonares crônicas e progressivas, como a fibrose e a insuficiência respiratória avançada. O procedimento oferece a possibilidade de restaurar a capacidade respiratória e melhorar a qualidade de vida. No entanto, exige cuidados específicos e contínuos para garantir o bem-estar dos transplantados.
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o período pós-operatório é determinante para o sucesso do transplante, evitando a rejeição do órgão e garantindo uma recuperação adequada.
Um dos cuidados críticos destacados pela ABTO é o monitoramento intensivo, a partir de exames regulares para avaliar a função pulmonar e identificar sinais de rejeição ou outras complicações, possibilitando que a equipe médica ajuste as terapias e intervenções, conforme necessário.
Nessa fase, os pacientes devem iniciar um regime de medicamentos imunossupressores para suprir o sistema imunológico e prevenir a rejeição do novo pulmão. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) explica que isto acontece porque o órgão transplantado é visto pelo sistema imunológico como algo estranho ao corpo e que, portanto, deve ser combatido e excluído, como acontece com os vírus e as bactérias.
A reabilitação pulmonar é indicada para ajudar os pacientes a recuperarem a força pulmonar e melhorarem a qualidade de vida. Os programas podem incluir treinamento físico, oxigenoterapia, apoio psicossocial e intervenção nutricional.
É comum a dúvida sobre a possibilidade de levar uma vida normal após o transplante. Apesar de muitos pacientes conseguirem retomar as atividades cotidianas e até mesmo participar de esportes e realizar exercícios físicos, é preciso lembrar que a recuperação é um processo individual, variando caso a caso.
De acordo com a Conitec, a maioria das pessoas transplantadas é capaz de retomar um estilo de vida sem restrições após a recuperação pós-operatória. Mais de 80% dos pacientes não apresentam limitações às atividades diárias usuais e quase 40%, cinco anos após o transplante, estão trabalhando, pelo menos, em tempo parcial.
Para isso, o paciente deve adotar algumas mudanças de hábito no pós-operatório, como seguir uma dieta equilibrada, não fumar, evitar exposição ao fumo passivo, manter uma higiene pessoal rigorosa e adotar medidas de prevenção, como vacinação adequada, para evitar infecções respiratórias.
Como funciona o transplante de pulmão
Por ser um procedimento cirúrgico complexo, é comum ter dúvidas sobre como funciona o transplante pulmonar. A ABTO explica que ele consiste na substituição de um ou ambos os órgãos doentes por saudáveis. Para que seja viável, é necessário a compatibilidade de tamanho entre os pulmões do doador e do receptor.
No último ano, foram realizados 78 transplantes de pulmão no país, conforme os dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT). Em 2022, o número de transplantes chegou a 103 e, em 2021, a 83. A escassez de doadores e o tempo limitado de isquemia fria, menor que seis horas, são desafios que impactam a disponibilidade e a eficácia dos transplantes pulmonares.
No primeiro semestre de 2024, os dados revelam que essa modalidade de transplante foi realizada em apenas três estados: Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Esse é o principal obstáculo para o aumento da taxa de transplante no país, pois é o órgão com menor taxa de aproveitamento (< 20%), necessitando melhor distribuição dos centros de transplante.
É importante estar atento à saúde do pulmão
Os cuidados com a saúde do pulmão são essenciais para o bem-estar geral e a prevenção de doenças graves. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, por exemplo, é a terceira maior causa de mortes no mundo.
A informação é da Organização Mundial de Saúde (OMS), que aponta, ainda, que mais de 80% dessas mortes acontecem em países de renda média a baixa porque as estratégias de prevenção não são tão efetivas e os tratamentos não estão disponíveis ou não são acessíveis para todos.
Nem todas as doenças pulmonares apresentam os mesmos sintomas, e algumas delas só dão sinais depois de algumas semanas ou meses. Entre as mais comuns estão a tosse, a produção excessiva de catarro, as dificuldades para respirar, as dores e os chiados no peito.
De acordo com o neurocirurgião Júlio Pereira, em explicação no seu canal no Youtube, se o paciente está com tosse há mais de 14 dias é necessário procurar ajuda. A tosse crônica é um dos sintomas de câncer de pulmão e também pode indicar problemas e infecções nos brônquios.
Dessa forma, o aparecimento de sinais deve despertar a atenção e motivar uma visita ao pneumologista. A detecção precoce influencia no tratamento e previne complicações graves.