Coluna Sal da Terra: Guimarães Rosa deu voz ao povo do sertão e eu dou voz ao povo do cerrado

Foto: Revista Sagarana/Divulgação

O sertão é uma região com clima semiárido e longos períodos de seca. A vegetação do sertão inclui bromélias e cactos, que são algumas das poucas plantas que sobrevivem à longas secas e à falta de água.

O cerrado já tem um clima tropical, com duas estações bem definidas, uma mais úmida e outra mais seca. O cerrado é a savana com maior biodiversidade do Brasil.

Fotos: Divulgação/Redes Sociais

Aprendi com meus ancestrais e mestres do cerrado as metáforas que costumam ser simples na forma e profundas no conteúdo, que aplico na minha vida e na minha escrita. Sempre dialoguei com os saberes dos antigos.

Cito aqui Mia Couto, como ele viajava pela savana africana, viajo muito pelo cerrado. Nessas regiões encontro gente que não sabe ler livros, mas que sabe ler o seu mundo.

Eu sou um contador de história que dou voz ao povo do cerrado, como Guimarães Rosa deu voz ao povo iletrado do sertão e Mia Couto deu voz ao povo da savana, e assim, apenas visito a literatura, deixando-me envolver pelo mundo da oralidade transferindo para a escrita e contando histórias. Eles instigam infinitas propostas de escrita em minha alma.

João Guimarães Rosa durante comitiva pelo sertão, há 70 anos. Foto: Repórter de O Cruzeiro/Divulgação

Apreciando a oralidade, vi como a língua portuguesa deve-se libertar de suas amarras e usufruir o poder divino da palavra.

Meu encontro com Guimarães Rosa e Mia aconteceu numa manhã de primavera, o sol já ia alto, foi algo lindo. Descobri aí a matéria prima para minha escrita. Assim defino o encontro com os primeiros textos de Guimarães Rosa e Mia Couto – mais especificamente, com o livro Grande Sertão: Veredas e Terra Sonâmbula.

Foi observando como o escritor mineiro plasmava a oralidade do sertão para o texto literário como Mia fazia também, que percebi o quanto suas prosas, impregnadas de elementos da oralidade do universo rural moçambicano e brasileiro, levou-os longe.

Acredito sempre que minha obra tem capacidade de transpor os limites do espaço regional para alcançar uma dimensão universal. Venho lá do cerrado. Nasci e criei-me numa vereda, com um riacho no fundo de casa. Sou descendente de índio, europeu e africano.

Fazenda Paulista foi pouso para comitiva de Guimarães Rosa. Foto: André Carvalho/ Divulgação

Escolhi ser importante para a literatura, tendo como pano de fundos para minha obra o cerrado por ser uma das regiões de maior biodiversidade do mundo. Estima-se que o cerrado possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves (MMA, 2002).

Com esforço e determinação, estou alcançando grandes feitos na escrita. Independentemente da nossa origem ou circunstâncias a gente consegue realizar sonhos. Adotar essa mentalidade é um diferencial na minha TRAVESSIA.

Quero oferecer palavras valiosas e lições de vida que aprendi lá no cerrado com meus MESTRES para quem deseja progredir na escrita e alcançar destaque.

Foto: Revista Sagarana/Divulgação

Levo minhas reflexões sobre persistência, inovação e adaptação às mudanças que são inspirações poderosas para qualquer pessoa.

Incorporar essas ideias em nossa vida pode ajudar-nos a enfrentar desafios com mais confiança e aproveitar melhor as oportunidades que surgem.