Idosa de 86 anos é aprovada em vestibular de medicina da Unimontes

Glorinha Mameluque passou em medicina aos 86 anos. Foto: Glorinha Mameluque/Arquivo Pessoal

É oficial! Maria da Glória Caxito Mameluque, carinhosamente conhecida como Glorinha Mameluque, de 86 anos, foi aprovada no vestibular para o curso de medicina da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). A aprovação foi confirmada nesta semana.

Membra da Academia Montesclarense de Letras e da Academia Feminina de Letras de Montes Claros, Glorinha Mameluque, prestou vestibular após a Unimontes abrir oportunidades em cursos, com vagas disponíveis para pessoas a partir dos 60 anos, sendo duas vagas para cada curso.

 

“Eu sempre tive vontade de cursar medicina, e graças a Deus surgiu essa oportunidade na Unimontes e agora eu acho que chegou a minha vez”, anima-se Glorinha.

 

O edital foi em maio, a prova foi aplicada no dia 16 de junho, e no dia 8 de julho saiu o resultado preliminar que Glorinha passou em medicina, aos 86 anos. Ao todo, no curso de medicina, concorreram 96 candidatos para duas vagas.

 

“Eu já estou me vendo no meio da meninada que vai fazer medicina, eu acho que vai ser muito bom para mim, porque quando a gente convive com os jovens, a gente aprende com eles. E, acho também que eles vão aprender muito comigo, pela maturidade, pela experiência de vida, acho que vai ser uma troca muito interessante”, afirma.

 

Nascida em São Romão, em 27 de abril de 1938, às margens do Rio São Francisco no Norte de Minas, mora em Montes Claros há mais de 50 anos. Foi na terra do Darcy Ribeiro e do Godofredo Guedes que Glorinha se estabeleceu. Em Moc, casou e ficou viúva do Dr. Pedro Mameluque, teve seus quatro filhos, nove netos e agora, espera ansiosamente a chegada dos bisnetos.

Um de seus livros publicados. Foto: Glorinha Mameluque/Arquivo Pessoal

Sempre ativa, Glorinha formou-se em três faculdades antes de se aventurar na medicina. Enfermagem, Direito e Psicologia foram os cursos realizados pela senhora de 86 anos, com energia de uma garota de 20. Escritora com 30 livros lançados, quando é indagada sobre como enfrentará o dia a dia na faculdade, e se tem algum medo, por ser mais velha que os colegas de curso, ela não pesteja:

“Quando fiz psicologia, já tinha mais de 60 anos e na minha turma tinha muitas pessoas de 20 e poucos anos. Eu acho que vai ser muito bom para mim, no curso de medicina, e vou procurar me enturmar também”, empolga-se.

Acompanhada dos filhos e netos em viagem à Roma, em 2023. Foto: Glorinha Mameluque/Arquivo Pessoal

 

A família inteira vibrou com a conquista da matriarca, fazendo uma grande festa no grupo da família, no WhatsApp. Todos eles se inspiram na altivez e positividade da mãe, avó, amiga. Glorinha diz que o segredo para estar tão bem assim, quase aos 90 anos, é continuar em movimento, sempre ativa e correr atrás dos sonhos, para que estes se tornem realidade. Ela confirma:

“Sempre fui muito ativa. A gente tem que ter mente ativa, colocar a mente para funcionar. O que eu peço a Deus todo dia é saúde, eu não tenho medo de nada, o que vier a gente enfrenta, sempre falo com meus netos, parafraseando Guimarães Rosa, o que a vida quer da gente, é coragem. Se a gente tem sonho, a gente deve lutar por ele, não é só ter sonho e acomodar, temos que lutar.  Ashington Weather dizia também “Um sonho pode ser trivial ou informe, ou talvez um pesadelo. Mas, um sonho nunca é uma mentira”. Se a gente sonha, a gente pode realizar. Então, é só a gente lutar por aquele sonho”, finaliza.